A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente em diversas áreas da vida humana, e a música não é exceção. A tecnologia está transformando a maneira como as músicas são criadas, mas também levanta preocupações significativas na indústria fonográfica.
Avanços Tecnológicos e Novas Ferramentas
Os avanços tecnológicos recentes possibilitaram a criação de aplicativos capazes de produzir músicas completas. Essas ferramentas passam por todo o processo de composição autoral, criação de ritmos autênticos e desenvolvimento de canções inéditas. No Rio 2C, um evento realizado no início do mês, o uso da IA na música foi tema de discussão.
Preocupações com Direitos Autorais
André Agra, diretor de operações da ONErpm, uma plataforma de distribuição digital de música, destacou a cautela necessária ao lidar com produções musicais geradas por IA, especialmente no que diz respeito aos direitos autorais. “São produções criadas com referências em outras músicas, mas não dá para saber qual é a real referência. Pode ser que a IA tenha analisado todas as músicas do mundo. Estamos caminhando para ter singles criados por Inteligência Artificial no topo das paradas musicais. Assim, a tecnologia vai tomar o espaço das pessoas que criam músicas”, afirmou Agra.
Agra também mencionou que, no futuro, será mais fácil identificar músicas criadas por humanos do que aquelas geradas por IA. No entanto, ele acredita que os shows ao vivo continuarão a preservar o elemento humano da música, já que “as máquinas não conseguem reproduzir o sentimento dos humanos”.
Implementação e Regulamentação
A ONErpm, segundo Agra, está trabalhando para criar regras e bases de remuneração para músicas geradas por IA. Atualmente, a plataforma distribui músicas criadas por IA, barrando apenas em casos de ilegalidade, como o uso não autorizado da voz de outra pessoa. Ferramentas para identificar criações de IA já estão em uso, embora ainda não sejam totalmente confiáveis.
Perspectivas e Oportunidades
A presença da IA na indústria musical está crescendo rapidamente. É possível encontrar várias ferramentas online que permitem criar músicas que parecem ter sido feitas por humanos. Exemplos disso são canções de Michael Jackson cantando “Evidências”, e colaborações fictícias entre Drake e The Weeknd, ou Marília Mendonça e Ana Castela, todas criadas por usuários utilizando IA.
Flavia Tygel, compositora e produtora musical, acredita que a IA pode ser uma ferramenta valiosa se utilizada de maneira adequada. “O desafio está aí. Precisamos transformar essa ferramenta em algo bom e produtivo. Uma nova compreensão da questão autoral na música, que venha de uma essência humana realizada de forma diferente.”
Mariana Mello, diretora jurídica da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus) e da Associação Brasileira dos Direitos dos Artistas Visuais (Autvis), também apoia o uso da tecnologia na música. Ela cita o projeto ABBA Voyage, que utiliza avatares virtuais do grupo com a aparência que tinham em 1979, como um exemplo de aplicação bem-sucedida da IA na música.
Conclusão
Embora a IA traga desafios para a indústria musical, como questões de direitos autorais e a preservação do elemento humano na música, ela também oferece novas oportunidades e possibilidades criativas. O futuro da música pode muito bem incluir uma colaboração entre humanos e máquinas, resultando em novas formas de expressão artística e inovação.
