O busto de Maria Conga, uma importante figura da resistência negra no Brasil, foi alvo de um terceiro ataque de vandalismo no Píer de Piedade. A nova placa, que havia sido recentemente instalada, foi arrancada e destruída, assim como uma intervenção artística que embelezava o local. Esse ato de destruição não só reitera a falta de respeito pelo patrimônio histórico-cultural da cidade, mas também provoca indignação entre autoridades e a população, levantando questões urgentes sobre o racismo estrutural presente na sociedade.
Maria Conga, uma líder quilombola, é um símbolo de luta e resistência, e seu busto foi restaurado e reinaugurado em um ato público no encerramento do mês da Consciência Negra. O evento, que contou com a presença de autoridades locais e movimentos sociais, foi uma celebração da cultura e um manifesto contra a intolerância. A vice-prefeita de Magé, Jamille Cozzolino, destacou a importância de honrar a memória da líder: “Não podemos permitir que o racismo e o desrespeito à nossa história prevaleçam. Vamos continuar lutando por uma sociedade mais justa e inclusiva”, afirmou.
O secretário de Cultura, Turismo e Eventos, Bruno Lourenço, também se posicionou contra os ataques, ressaltando a necessidade de proteger os símbolos culturais e históricos da cidade. Ele anunciou a instalação de câmeras de segurança no local como uma medida para prevenir novos atos de vandalismo e registrou o caso na 65ª DP de Magé como Dano ao Patrimônio Público, conforme o artigo 163 do Código Penal.
Arte e Memória em Risco
O busto de Maria Conga, esculpido pela artista Cristina Febrone em 2021, já é uma representação marcante da história da cidade. Em 2024, o monumento recebeu uma intervenção artística de Paulo Garrô, reconhecido internacionalmente por sua habilidade e por contar histórias através de suas obras. A contribuição de Garrô trouxe um novo sentido ao busto, incorporando elementos que ressaltam a riqueza cultural e a resistência que Maria Conga simboliza.
Com formação na Accademia Monticiana di Pittura, na Itália, Garrô possui exposições em diversos países e é conhecido por seu realismo e atenção aos detalhes. Sua arte não apenas embeleza o monumento, mas também reforça a importância da cultura como um meio de resistência e preservação da memória histórica.
Um Chamado à Reflexão
Os atos de vandalismo que atingem o busto de Maria Conga não são apenas ataques a um monumento; são ofensas à história e à identidade da comunidade mageense. A destruição da obra gera um clamor por um debate mais amplo sobre o respeito e a inclusão em nossa sociedade. A população local está unida na preservação da memória de Maria Conga, e a esperança é que, a partir dessa indignação, surjam novas iniciativas para promover a conscientização e a valorização da cultura afro-brasileira.
O busto de Maria Conga permanece como um símbolo de resistência, e a luta contra o racismo e pela preservação da história cultural é um compromisso que deve ser assumido por todos. A sociedade precisa se unir para garantir que a memória de figuras como Maria Conga continue a inspirar futuras gerações na construção de um mundo mais justo e igualitário.