Após quatro adiamentos, Prefeitura do Rio confirma transição gradual para o cartão Jaé a partir de julho

Nova bilhetagem enfrentará implementação em etapas e resistência de passageiros; sistema próprio substituirá o Riocard gradualmente

Após quatro adiamentos consecutivos, a Prefeitura do Rio de Janeiro confirmou que a migração do sistema de bilhetagem dos transportes públicos do Riocard para o novo cartão Jaé será feita em etapas. A mudança começa a valer no dia 1º de julho, mas o calendário oficial da transição ainda não foi divulgado pela Secretaria Municipal de Transportes (SMTR).

Originalmente, a implantação completa do Jaé estava prevista para ser concluída em julho de 2024. No entanto, a Prefeitura enfrentou obstáculos técnicos e operacionais, o que levou a sucessivos atrasos. O último adiamento aconteceu em janeiro deste ano, quando o prefeito Eduardo Paes anunciou a nova data de implementação. Entre os principais motivos para a postergação estão a falta de integração do novo sistema com metrô, trens e barcas, além de uma mudança na gestão da empresa responsável pela bilhetagem.

Baixa adesão e desafios operacionais

Apesar da proximidade da nova fase de implantação, o Jaé ainda tem baixa adesão. Dados do Portal da Transparência da SMTR indicam que, dos 65,6 milhões de passageiros transportados na cidade no mês passado, apenas 15% utilizaram o Jaé — cerca de 9,9 milhões de usuários. Em contrapartida, o Riocard continua sendo o principal meio de pagamento das passagens, com 85% de utilização, representando mais de 55,7 milhões de passageiros.

Segundo a SMTR, 1,3 milhão de cartões Jaé já foram emitidos. No entanto, ainda existem 165 mil aguardando retirada e outros 47 mil em fase de produção. Para facilitar o acesso ao novo cartão, o município eliminou a obrigatoriedade de agendamento prévio e ampliou os canais de distribuição. Agora, os usuários podem solicitar o Jaé presencialmente em lojas físicas distribuídas por todas as regiões da cidade, como Centro, Madureira, Campo Grande, Barra da Tijuca, Ilha do Governador, entre outras.

Além do cartão físico, o sistema Jaé também permite o pagamento da passagem via QR Code pelo celular.

Queixas e instabilidade

Apesar da promessa de modernização e autonomia com o novo sistema de bilhetagem, passageiros relatam dificuldades recorrentes para obter e utilizar o Jaé.

“Toda hora eu estou indo lá e não resolve. Não tem uma resposta definitiva. Até hoje não recebi”, reclamou o aposentado Marcos Riba Dias, em entrevista.

Problemas técnicos também afetam quem já começou a usar o novo cartão. A professora Jenifer Areias contou que abandonou o Jaé após falhas constantes na leitura do cartão e erros na cobrança de créditos. “Usei no início, assim que eu peguei, só que começou a dar muito problema. Às vezes lia, às vezes não lia. Quando não ia passando crédito, crédito, crédito… Quando eu fui ver, estava no negativo e eu tinha que repor o dinheiro. E aquilo ali me deixou pouco segura para usar, e eu voltei a usar o Riocard”, relatou.

Expectativa

Com o início da fase de transição em julho, a Prefeitura espera avançar na consolidação do Jaé como sistema exclusivo da bilhetagem municipal. A promessa é de mais controle, transparência e melhorias no transporte público. No entanto, a efetividade da mudança dependerá diretamente da resolução dos problemas operacionais e da aceitação dos usuários.

Enquanto isso, muitos passageiros seguem divididos entre o novo sistema e o já conhecido Riocard, aguardando com cautela os próximos passos da Prefeitura.

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