O novo Ranking do Saneamento 2025, divulgado nesta terça-feira (15) pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados, revela um cenário de contrastes no estado do Rio de Janeiro. Enquanto Niterói aparece entre as três melhores cidades do país em cobertura de saneamento básico, municípios da Baixada Fluminense continuam figurando entre os piores do Brasil.
Segundo o levantamento, Niterói alcançou 100% de cobertura de água e tratamento de esgoto, além de uma taxa de coleta de esgoto próxima de 96%. Esses resultados colocam o município fluminense na terceira colocação no ranking nacional, atrás apenas de Campinas e Limeira, em São Paulo. O desempenho reforça o avanço de Niterói na gestão dos serviços de saneamento e a consolidação de políticas públicas eficazes na área.
Em contrapartida, quatro cidades do estado ficaram entre as 20 piores do país. Belford Roxo, São Gonçalo, Duque de Caxias e São João de Meriti, todas na Região Metropolitana, apresentam índices alarmantes. Em algumas delas, menos de 10% do esgoto é tratado, e há graves falhas na cobertura de água potável, refletindo um histórico de baixos investimentos e infraestrutura precária.
O estudo analisou os 100 maiores municípios brasileiros, com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2023. Os critérios incluíram cobertura de água, coleta e tratamento de esgoto, investimentos por habitante, perdas de água no sistema e eficiência na gestão dos serviços.
Além do contraste regional dentro do Rio, o levantamento aponta que quase 60% das cidades com os piores indicadores de saneamento estão localizadas na região da Amazônia Legal. A pesquisa evidencia a desigualdade no acesso a serviços básicos e reforça a urgência de políticas públicas que acelerem a universalização do saneamento, prevista para 2033 pelo novo marco legal do setor.
O relatório também destaca que, para alcançar essa meta, os municípios precisam realizar investimentos per capita próximos de R$ 223 por ano — uma cifra ainda distante da realidade de muitas cidades da Baixada Fluminense, que seguem com índices muito abaixo da média nacional.
Com a proximidade da COP 30 e o crescente debate sobre sustentabilidade e saúde pública, o saneamento básico volta ao centro da agenda nacional. O desempenho de Niterói serve como exemplo positivo, mas o retrato geral ainda é preocupante. Sem avanços concretos na gestão, financiamento e fiscalização, milhões de brasileiros continuarão à margem do direito ao saneamento digno.


