Perdoar nunca foi tarefa fácil. Quando somos feridos, traídos ou injustiçados, nosso coração se inclina a guardar ressentimentos, alimentar mágoas e, muitas vezes, desejar justiça à nossa maneira. Mas o que, à primeira vista, parece um direito legítimo – não esquecer o mal que nos fizeram – pode, na verdade, se tornar uma corrente que nos aprisiona.
O perdão não é amnésia. Não significa fingir que nada aconteceu ou minimizar a dor que nos causaram. Perdoar é um ato de libertação. É tirar o peso da corrente que nos mantém presos ao passado, para que possamos seguir adiante com leveza e paz. Afinal, muitas vezes, quem nos feriu segue sua vida sem grandes consequências, enquanto nós ficamos carregando um fardo que nos desgasta e nos impede de ser verdadeiramente felizes.
Deus quer nos livrar desses pesos. Ele nos ensina, na oração do Pai-Nosso, que devemos perdoar para também sermos perdoados: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6,12). O perdão não é uma opção para quem deseja viver segundo o Evangelho – ele é um mandamento. Não significa que devemos voltar a confiar cegamente em quem nos machucou ou nos expor a novas feridas, mas que devemos entregar nossa dor a Deus e permitir que Ele nos cure.
Jesus, na cruz, nos deu a maior lição de perdão: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Se o próprio Cristo, inocente e sem culpa, escolheu perdoar aqueles que O crucificavam, como nós, pecadores, poderíamos negar o perdão a quem nos ofendeu?
Liberar perdão não é um favor que fazemos ao outro – é um presente que damos a nós mesmos. Ao perdoar, nos livramos da amargura, da angústia e do peso da vingança. Ganhamos um coração leve, uma alma em paz e a graça de estarmos mais próximos do amor de Deus.
Se hoje você carrega mágoas no coração, peça a Deus a graça de perdoar. Não precisa ser de imediato, mas dê o primeiro passo. Ore por quem lhe fez mal, entregue sua dor ao Senhor e permita que Ele o liberte. O perdão não muda o passado, mas transforma o seu futuro.