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Reportagem revela que Google lucrou mais com notícias do que toda a imprensa

Uma reportagem publicada recentemente pelo The New York Times revelou que, em 2018, a Google faturou um montante assombroso US$ 4,6 bilhões com o Google News. Esse valor é impressionante por três motivos: primeiro, porque esse valor é uma estimativa conservadora de quanto o Google arrecadou, e diversos analistas acreditam que o número real é bem maior; segundo, porque há anos existe uma narrativa de que o jornalismo está em declínio e que trabalhar com notícias não dá dinheiro; e terceiro, porque para conseguir essa receita o Google não precisou escrever uma única matéria jornalística, e todo esse dinheiro foi feito em cima de publicações de veículos de imprensa que não possuem nenhuma ligação com a empresa.

Para efeito de comparação, segundo a News Media Alliance, uma associação comercial de imprensa dos Estados Unidos e do Canadá, esse valor é equivalente à soma do faturamento de todos os veículos de imprensa que fazem parte do Google News, que somaram um faturamento com anúncios de cerca de US$ 5,1 bilhões. De acordo com Terrance C.Z. Egger, CEO da Philadelphia Media Network, a reportagem do Times ilustra a realidade que todos da imprensa já conheciam: as dinâmicas de relacionamento entre as plataformas de tecnologia e a imprensa estão sendo catastróficas para aqueles que trabalham com jornalismo.

Para David Chavern, CEO da Alliance, a reportagem deixa claro que a Google tem lucrado muito com os veículos de imprensa e que é preciso haver um repasse maior desses lucros para esses veículos.

Para isso, a Alliance está propondo uma nova lei para o Congresso dos Estados Unidos. Chamada de Jornalism Competition and Preservation Act, a lei permitiria que os donos das agências de notícias possam negociar coletivamente com as empresas de tecnologia como se dará a divisão das receitas adquiridas com as vendas de anúncios veiculados nos sites desses veículos de mídia. A lei conta com apoio de representantes de todas as bancadas do congresso, e a Alliance acredita que a reportagem do Times pode servir para angariar ainda mais votos para que a nova lei seja aprovada.

Enquanto as receitas com anúncios de empresas como Google e Facebook têm crescido a cada ano com o uso de veículos de imprensa, a indústria do jornalismo vem numa verdadeira queda livre. Uma estudo publicado em 2018 revelou que um quinto dos jornais locais dos Estados Unidos deixaram de existir nos últimos 15 anos, e as diversas publicações passaram por demissões coletivas — os famosos “passaralhos” — nos últimos meses. Só no começo deste ano, 2.900 jornalistas perderam seus empregos em locais como BuzzFeed, CNN e Vice.

Em resposta à reportagem, a Google afirmou que o estudo não está correto, pois não leva em conta o trafégo que a empresa gera para esses veículos. A empresa defende que todos os meses cerca de 10 bilhões de usuários acessam sites de veículos de imprensa através da busca do Google e do Google News, e que a empresa continuará trabalhando para ajudar no crescimento dos veículos de imprensa em todo o mundo.

Fonte: New York Times

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