‘O Passinho é a cara do Rio’: alunos de Duque de Caxias se preparam para batalhar

Alice Fragozo tem 11 anos, Gabriel Santos 16 e Walcir Silva, 17. Os três jovens estudam em escolas diferentes do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Mas além disso, o que ambos possuem em comum ? Paixão pelo popular “Passinho”, estilo de dança que mistura funk, samba, break, frevo e ritmos africanos, surgiu nas favelas cariocas nos anos 2000, conquistou público variado, de crianças a adultos e se tornou patrimônio cultural imaterial do Rio, em 2018. Este ano, o Intercolegial, projeto apresentado pelo Sesc e uma realização do GLOBO, incluiu a Batalha do Passinho como nova modalidade em sua programação. As batalhas acontecerão na grande final da competição, no mês de outubro, ainda sem data e local definidos.

Centro Educacional Paraíso, Colégio Estadual Herbert Moses e Instituto Loide Martha já escolheram seus representantes do Passinho
Centro Educacional Paraíso, Colégio Estadual Herbert Moses e Instituto Loide Martha já escolheram seus representantes do Passinho Foto: DIEGO MARANHAO

Para Alice que dança ballet desde pequena, foi fácil aprender o passinho através de vídeos na internet, que ensinam os movimentos. Segundo, a aluna do 6º ano do Centro Educacional Paraíso quando se apresentou em uma feira de cultura da escola, foi convidada a representá-la na competição.

— Quero mostrar o meu talento para o Rio. Acho que é preciso ter confiança e não ter medo, porque mesmo não ganhando, temos a honra de participar do Inter — afirmou com orgulho, a aluna que já disputou o torneio, jogando xadrez em duas edições.

Os cantores Michael Jackson e Chris Brown foram as inspirações para Gabriel Santos, aluno do 1º ano do Instituto Loide Martha entrar para o mundo da dança. O jovem é fã de hip hop e quer expandir essa cultura para que todos, no Brasil, levem mais a sério a arte através dos movimentos corporais.

— O Passinho é como as outras danças, tem que se dedicar para se destacar. É um ramo que dá muita oportunidade, ainda mais para nós moradores de periferias, que não temos muita condição financeira — destaca explicando que as batalhas de passinho podem ser individuais ou entre grupos. — A base do passinho é feita de muito improviso e descontração, mas tem que ter treino. Não é só chegar e fazer.

Alunos de escolas de Duque de Caxias vão disputar a Batalha do Passinho do Intercolegial
Alunos de escolas de Duque de Caxias vão disputar a Batalha do Passinho do Intercolegial Foto: DIEGO MARANHÃO

Já Walcir Silva, aluno do 3º ano do Colégio Estadual Herbert Moses, tem mais experiência no mundo da dança, tanto que já deu aula como voluntário na escola de Alice e participa de duas companhias de dança, Passinho Carioca e AfroBlack, que disputam grandes competições com premiações, além do bonde Ritmados da Dança, que é uma equipe formada para batalhas de passinhos informais. O jovem conta que nunca disputou o Intercolegial pois não encontrava motivação para expressar sua arte na escola.

— Não é como o futebol ou o xadrez que as escolas treinam por meses para competir. Às vezes tem um show de talento, mas sinto falta de mais incentivo. Espero que daqui pra frente isso mude — declarou o dançarino que quer ser profissionalizar e está em dúvida entre prestar vestibular para o curso de Artes Cênicas ou Danças, quando acabar o Ensino Médio.

— Meu sonho é poder ganhar o mundo com a dança e poder proporcionar uma vida melhor para minha família porque dá para trabalhar e ganhar dinheiro sim. Basta se esforçar como qualquer outra área — ressaltou o jovem que dá aula de danças afros, danças urbanas, de passinho, samba, funk e charme.

Embora Rogério Mendes, de 15 anos, não more em Caxias, jogue futebol e pratique jiu-jitsu, ele também traz em sua bagagem movimentos acrobáticos. O aluno do 9º ano do Centro Educacional Chambarelli, em Quintino, zona norte do Rio, também dançará o passinho e chama atenção para o look dos batalhadores, que dão preferência para roupas mais largas e leves, para que o movimento seja bem observado pela plateia.

— Short médio, camisa de manga, boné e tênis é quase um uniforme. Além disso todos temos um modo de dançar, uma música preferida, uma certa coreografia espontânea — concluiu o jovem que foi o único a revelar a música que vai dançar na final do Intercolegial, que será ao som do hit carioca “Faz um quadradinho pra mim”, de Mc Sapão.

VIA: Jornal Extra

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