O debate em torno do futuro do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, ganhou novo capítulo nesta terça-feira (23). O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou que vai se reunir, na segunda semana de janeiro, com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para tentar avançar em uma solução para o impasse sobre a ampliação do limite de passageiros no terminal.
A reunião foi confirmada após declarações do ministro, feitas na segunda-feira (22), indicando que o governo federal pretende aumentar, a partir do próximo ano, o número de voos no Santos Dumont — posição que contraria a Prefeitura do Rio e entidades empresariais do estado.
Em publicação nas redes sociais, Paes afirmou que Costa Filho sempre foi um aliado na coordenação do sistema aeroportuário fluminense e destacou o papel do ministro no fortalecimento do Aeroporto Internacional do Galeão. “Diante das notícias recentes, ficou combinado que na 2ª semana de janeiro teremos uma reunião para avançar com a melhor solução para o Rio e o Brasil”, escreveu o prefeito. Ele também agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que o chefe do Executivo acompanha o tema “com atenção e sensibilidade”.
Atualmente, o Santos Dumont opera com um teto de 6,5 milhões de passageiros por ano, limite estabelecido em 2024 para equilibrar o fluxo aéreo entre os aeroportos da capital. Segundo Silvio Costa Filho, após dois anos com essa restrição, o governo avalia liberar entre 1 milhão e 1,5 milhão de passageiros a mais, o que elevaria o teto para até 8 milhões anuais. O ministro sustenta que a medida não traria prejuízos ao Galeão e afirma que há demanda suficiente para absorver o crescimento do setor aéreo.
A possibilidade de flexibilização, no entanto, gera preocupação no município e no setor produtivo. A Prefeitura do Rio, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e a Fecomércio RJ se posicionaram contra a ampliação do limite, alegando risco de desequilíbrio no sistema aeroportuário. Para as entidades, a medida pode enfraquecer o Galeão, impactando negativamente o turismo, o comércio e os serviços no estado.
Representantes dessas instituições destacam que o modelo atual trouxe resultados positivos. Dados apresentados apontam crescimento de 23% no número de passageiros que utilizam os aeroportos do Rio, além de avanços na movimentação de cargas e na retomada econômica do Galeão, que vinha sofrendo com a redução de voos nos últimos anos.
Especialistas do setor avaliam que a restrição ao Santos Dumont ajudou a redistribuir a malha aérea e a tornar o sistema mais equilibrado, favorecendo investimentos e ampliando a oferta de destinos internacionais a partir do Galeão. Para eles, uma flexibilização sem critérios pode comprometer esse avanço.
A polêmica agora envolve também a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que estuda a revisão do limite anual de passageiros do Santos Dumont. O tema deve seguir no centro do debate político e econômico nas próximas semanas, com expectativa de que a reunião entre Prefeitura e governo federal ajude a definir os rumos da aviação no Rio de Janeiro.


