Alerj se reúne para decidir futuro da prisão de Rodrigo Bacellar

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vive nesta segunda-feira (8) um dos momentos mais tensos do ano. Os deputados estaduais foram convocados para analisar o pedido de manutenção ou revogação da prisão preventiva do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar, detido na última quarta-feira durante a Operação Unha e Carne, da Polícia Federal.

A reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está marcada para as 11h e deve produzir o parecer que seguirá ao plenário ainda hoje. Só então, com o voto de pelo menos 36 dos 70 parlamentares, será decidido se Bacellar continua preso ou se poderá responder em liberdade.

Prisão após suspeita de vazamento de informações

Rodrigo Bacellar foi preso por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, que investigava o ex-deputado TH Joias. Segundo a Polícia Federal, mensagens interceptadas indicariam que Bacellar teria avisado o ex-parlamentar sobre uma ação policial e orientado a retirada de possíveis provas.

Na mesma operação, os agentes encontraram R$ 90,8 mil em espécie dentro de um veículo utilizado por Bacellar, além de celulares que estão sob perícia. A defesa afirma que o dinheiro era declarado e nega qualquer tentativa de interferir em investigações.

Rito acelerado e pressão política

A Alerj tem a prerrogativa de revisar prisões de deputados estaduais. Por isso, o caso ganhou ritmo acelerado desde a prisão. A reunião da CCJ, inicialmente marcada para sexta-feira (5), foi adiada para hoje para assegurar o prazo regimental para a defesa apresentar suas considerações.

Enquanto isso, Bacellar permanece afastado da presidência da Alerj. O cargo está sendo exercido interinamente pelo primeiro vice-presidente, deputado Guilherme Delaroli.

Nos bastidores, aliados e opositores têm travado uma disputa intensa. Bacellar foi reeleito presidente da Casa em janeiro deste ano com apoio quase unânime, inclusive de partidos que costumam se opor ao governo estadual, o que torna a votação de hoje ainda mais simbólica.

Um teste institucional para o Legislativo fluminense

O caso reacende discussões sobre a autonomia do Legislativo diante de decisões judiciais e sobre o alcance das investigações contra autoridades com mandato. Não é a primeira vez que um presidente da Alerj enfrenta prisão — o precedente mais marcante é o de Jorge Picciani, detido em 2017.

A decisão que será tomada hoje deve influenciar diretamente o cenário político do Rio de Janeiro, especialmente em ano pré-eleitoral. Bacellar era cotado como um dos nomes fortes para disputar o governo do estado e vinha ampliando sua articulação política.

O que acontece a partir daqui

Se a Alerj decidir derrubar a prisão, Bacellar poderá ser solto imediatamente. Caso os deputados optem pela manutenção da decisão do STF, o parlamentar seguirá detido, afastado do mandato e do comando da Casa até nova deliberação judicial.

Enquanto o plenário se prepara, a temperatura política sobe. O Rio de Janeiro acompanha de perto — e a decisão promete mexer com o tabuleiro de forças do estado.

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