Japeri em guerra política: CPI da Saúde expõe caos e divide cidade

A cidade de Japeri, na Baixada Fluminense, vive um dos momentos políticos mais turbulentos dos últimos anos. A abertura da CPI da Saúde, instaurada pela Câmara Municipal e presidida pelo vereador Abner Madeira, revelou não apenas denúncias de desorganização na rede municipal, mas também uma forte disputa entre o Legislativo e a Prefeitura.

Nos bastidores, o clima é de ruptura. De um lado, vereadores afirmam que buscam transparência na aplicação dos recursos públicos. Do outro, a gestão municipal é acusada de proteger aliados e de manter uma estrutura marcada pelo favorecimento político e pela falta de planejamento.

O Edital de Convocação nº 005/2025, publicado no início de novembro, chamou cinco servidores ligados à Secretaria de Saúde para depor como testemunhas. Entre eles estão subsecretários, assessores e o controlador do município. As oitivas devem esclarecer possíveis irregularidades no uso de verbas da saúde, embora nenhuma acusação tenha sido formalmente comprovada até o momento.

Enquanto as investigações avançam, cresce a insatisfação popular. “A saúde está um caos. Falta remédio, o atendimento é precário e os funcionários estão desmotivados”, contou um morador da Chacrinha. Em outros bairros, relatos semelhantes se repetem: unidades sem insumos básicos, profissionais sobrecarregados e atrasos de pagamentos.

O comparativo com gestões anteriores também vem à tona. “Na época do Timor, o orçamento era bem menor e o povo era atendido. Hoje, com quase dez vezes mais dinheiro, o serviço piorou”, desabafou uma comerciante do bairro Delamare.

A CPI da Saúde, marcada para o dia 11 de novembro, promete ser apenas o início de uma longa disputa política. Parlamentares e aliados da prefeita trocam acusações sobre o controle da pasta, enquanto a população observa com descrença o impasse que paralisa a administração municipal.

O que deveria ser um debate técnico sobre políticas públicas transformou-se em um campo de batalha político. E, em meio à guerra entre Câmara e Prefeitura, quem mais sofre é o cidadão de Japeri — que continua à espera de um atendimento digno nos postos de saúde da cidade.

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