A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (6) a Operação Mundemus, que revelou um esquema de extorsão envolvendo policiais federais lotados na Superintendência Regional do Rio de Janeiro. Um empresário foi preso em flagrante, e três agentes da PF, além de um policial militar, foram afastados das funções.
De acordo com as investigações, o grupo extorquia um empresário do ramo de alumínio e energia renovável, exigindo pagamentos mensais em troca de não instaurar um inquérito contra ele. Como parte da negociação, o empresário recebeu uma carteira funcional e um distintivo falsos da PF, com os quais se apresentava como policial federal.
Durante o cumprimento de mandados, o homem acabou preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e munições. Em sua residência, em Jacarepaguá, a PF apreendeu o distintivo falso, uma carteira funcional, além de um carro blindado equipado com sirene e giroflex, típico de viaturas policiais.
A operação cumpriu mandados também na Barra da Tijuca, Niterói, Tijuca e Penha, com apoio do Ministério Público Federal e da Corregedoria da Polícia Militar. Os policiais investigados estão proibidos de exercer função pública e foram obrigados a entregar suas armas e insígnias.
As apurações tiveram origem na Operação Cash Courier, deflagrada em março, que investigava o tráfico internacional de armas. Entre os alvos está o policial federal aposentado Josias João do Nascimento, conhecido como “Senhor do Senhor das Armas”, apontado como chefe de uma rede criminosa que movimentou milhões de reais no comércio ilegal de armamentos.
Conexão com o tráfico internacional de armas
Josias foi identificado pela PF como o verdadeiro comandante de um esquema que enviou cerca de 2 mil fuzis dos Estados Unidos para o Rio de Janeiro entre 2011 e 2018. O grupo contava com a participação de Frederick Barbieri, o “Senhor das Armas”, condenado pela Justiça americana.
Segundo as investigações, as armas eram compradas em Orlando e escondidas em equipamentos como aquecedores de piscina, motores e aparelhos de ar-condicionado, sendo despachadas para o Terminal de Cargas do Aeroporto do Galeão, de onde seguiam para facções criminosas — principalmente o Comando Vermelho.
A investigação começou após a apreensão de 60 fuzis de guerra no Galeão, em 2017, uma das maiores já registradas no país. Barbieri foi preso na Flórida em 2018 e condenado a 12 anos e 8 meses de prisão.
Com base nos elementos reunidos, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 50 milhões em bens dos investigados e a realização de 14 mandados de busca e apreensão.
Até o momento, a PF não confirmou se o empresário preso na Mundemus mantinha vínculos diretos com Josias, mas os investigadores acreditam que o grupo fazia parte de uma rede mais ampla de corrupção e tráfico de influência dentro e fora da corporação.


