Flávio Bolsonaro reage a possível aliança do PL com Eduardo Paes e diz que partido “não pode ser palanque de Lula e Bolsonaro ao mesmo tempo”

A possível aproximação entre o Partido Liberal (PL) e o prefeito Eduardo Paes (PSD) nas eleições de 2026 provocou uma crise dentro da legenda no Rio de Janeiro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reagiu publicamente neste domingo (27) e afirmou que soube “pela imprensa” da articulação, criticando duramente a hipótese de união.

“Não fui consultado e acredito que o eleitor de direita no Rio, o mais importante para uma decisão dessa, também não foi. Alguém me explica como dá pra ser palanque de Bolsonaro e Lula ao mesmo tempo? Ser contra e a favor de traficante? Ser contra e a favor de aborto?”, questionou o senador nas redes sociais.

Flávio Bolsonaro ainda deu a entender que o PL prepara um nome próprio para disputar o governo estadual em 2026.

“Estamos testando alguns nomes fortes para a disputa ao governo do Rio de Janeiro. Em breve, boas novidades!”, completou o parlamentar.

Declaração de Paes gerou reação em cadeia

A polêmica começou após Eduardo Paes declarar, durante evento do PSDB no sábado (25), que “estará com o PL por amor ao Estado do Rio de Janeiro”. A fala foi feita durante a filiação do deputado federal Luciano Vieira ao partido tucano, em evento realizado no Music Hall, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Dirigindo-se ao deputado Altineu Cortes, presidente estadual do PL, Paes afirmou:

“Alguém disse que essas especulações só teriam consequência se a gente fizesse uma dedicatória de amor para fulano ou beltrano. Eu não tenho dúvida de que nós vamos estar juntos, mas por um só amor, Altineu — por amor ao Estado do Rio de Janeiro.”

A declaração foi interpretada como uma tentativa de aproximação com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que gerou forte resistência entre os aliados da legenda.

Bruno Bonetti descartou aliança

O presidente municipal do PL, Bruno Bonetti, reagiu logo após o discurso de Paes e descartou qualquer possibilidade de aliança com o prefeito enquanto ele continuar aliado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“As decisões do partido seguem a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula e Bolsonaro são como água e azeite — eles não se misturam”, afirmou Bonetti em vídeo publicado nas redes sociais.

Insatisfação entre deputados do PL

A repercussão também chegou à Alerj. O deputado estadual Filippe Poubel (PL), um dos principais nomes da bancada bolsonarista, afirmou que pode deixar o partido caso a parceria com Paes se concretize.

“Se isso acontecer, meu ciclo no PL acaba na hora”, declarou o parlamentar, que inclusive cogita lançar o filho como candidato a deputado federal em 2026.

O deputado Márcio Gualberto (PL) também se manifestou na semana passada, reafirmando que o partido não deve se aproximar de Paes em nenhuma circunstância.

Com as declarações de Flávio Bolsonaro e as divisões internas cada vez mais evidentes, o futuro da aliança entre o PL e o PSD no Rio de Janeiro parece cada vez mais distante — e o caminho de Eduardo Paes rumo ao Palácio Guanabara ganhou uma pedra significativa pelo caminho.

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