PF investiga desvio de canetas de Mounjaro apreendidas pela Anvisa no Galeão

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (21) a Operação Ignota, com o objetivo de apurar o desvio de canetas emagrecedoras Mounjaro que haviam sido apreendidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão).

Os agentes cumpriram três mandados de busca e apreensão em uma clínica de estética na Barra da Tijuca, na casa de uma médica da Zona Sudoeste do Rio e também em um endereço em São Gonçalo, na Região Metropolitana. A médica é suspeita de ter adquirido parte do medicamento de forma irregular.

A operação é um desdobramento de uma investigação iniciada em agosto, quando um servidor da Anvisa foi preso ao deixar o Galeão com frascos de Mounjaro em uma mochila. O funcionário atuava justamente no setor responsável pelo armazenamento de produtos apreendidos.

“A investigação, que conta com o apoio da Anvisa, foi iniciada a partir do aumento expressivo de apreensões de remédios para emagrecimento na fiscalização aeroportuária, os quais são importados clandestinamente e desviados para comercialização em clínicas médicas”, informou a Polícia Federal.

Segundo as apurações, o marido da médica teria tentado, em fevereiro, trazer do exterior 80 canetas sem receita, o que despertou a atenção da Receita Federal. A carga foi retida e encaminhada à Anvisa. Parte dessas canetas teria desaparecido aos poucos, fato que levou à prisão do servidor e ao aprofundamento da investigação.

De acordo com a PF, as canetas eram vendidas ilegalmente, com valores variando conforme a validade: as dentro do prazo custavam mais caro, enquanto as vencidas eram oferecidas com desconto.

A corporação destacou ainda que o Mounjaro exige prescrição médica retida, além de condições rigorosas de armazenamento e transporte, o que reforça o risco do uso irregular.

“A importação clandestina de fármacos desse tipo representa um risco para a saúde pública, em razão da impossibilidade de verificação da real procedência dos medicamentos”, afirmou a PF.

Os investigados poderão responder por importação e venda de medicamento de procedência ignorada, além de receptação qualificada.

Mounjaro e o princípio ativo tirzepatida

O Mounjaro, que tem como princípio ativo a tirzepatida, foi aprovado pela Anvisa em junho para o tratamento da obesidade associada a comorbidades. Antes disso, o medicamento só era permitido para o tratamento do diabetes tipo 2.

Concorrente direto do Ozempic (semaglutida), o fármaco atua no controle da glicose e do peso corporal, sendo o primeiro do mercado a agir em receptores de dois hormônios relacionados ao apetite.

A aplicação é injetável e semanal, com doses de 2,5 mg e 5 mg. O preço da caixa com quatro canetas pode chegar a R$ 2,3 mil, dependendo da concentração e do programa de adesão do fabricante.

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