Operação São Francisco: traficantes negociaram até onça com mulher de miliciano

A Operação São Francisco, deflagrada nesta terça-feira (16) pela Polícia Civil do Rio, revelou o envolvimento de uma quadrilha especializada no tráfico de animais silvestres, armas e munições. Ao todo, mais de 800 animais foram resgatados e 47 pessoas presas, em uma ação considerada pela corporação como “a maior da história do Brasil” no combate a esse tipo de crime.

Durante a investigação, áudios interceptados mostraram que os criminosos chegaram a negociar a venda de uma onça a uma mulher de um miliciano da Zona Oeste. A transação acabou cancelada porque o animal entregue era uma onça-parda, e não uma onça-pintada, como havia sido prometido.

Em outra gravação, um dos traficantes relatou que enviou macacos para São Paulo e para o Complexo do Alemão.

A operação mobilizou cerca de mil agentes, que cumpriram 45 mandados de prisão preventiva e 275 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Foram apreendidos uma granada, um fuzil, uma pistola, munições, um cinto-bomba, veículos de luxo, joias e documentos.

Um dos alvos foi o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, acusado de comprar quatro macacos.

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Bernardo Rossi, apenas um dos presos teria comercializado mais de 45 mil animais. “É o corredor da morte dos nossos animais. A crueldade é enorme. Sessenta por cento dos bichos retirados da natureza chegavam mortos ao destino”, disse.

Estrutura do esquema criminoso

A organização funcionava em diferentes núcleos:

  • Caçadores (mateiros): realizavam a captura em larga escala.
  • Atravessadores: transportavam os animais até os centros urbanos.
  • Falsificadores: produziam documentos e selos públicos falsos para “esquentar” a origem.
  • Núcleo de armas: fornecia armamento e munições.
  • Consumidores finais: compradores que alimentavam o mercado clandestino.

As investigações também apontaram ligação entre o tráfico de animais e o tráfico de drogas, com feiras clandestinas como as da Pavuna e Duque de Caxias sendo usadas como pontos de venda.

Os animais resgatados estão sendo avaliados por veterinários voluntários na Cidade da Polícia e serão encaminhados para centros de triagem, com a expectativa de reintrodução na natureza.

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