Alerj condena ações da Prefeitura de Caxias e denuncia perseguição política

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) transformou em pauta central, nesta quinta-feira (14), a maneira como a Prefeitura de Duque de Caxias vem tratando parlamentares que representam a população. O presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil), saiu em defesa dos deputados Arthur Monteiro (União Brasil) e Carlos Minc (PSB), após ambos relatarem situações que classificaram como abusivas e motivadas por interesses políticos locais.

Bacellar afirmou que o Legislativo estadual não pode tolerar tentativas de silenciar ou retaliar deputados por divergências partidárias. “O mandato da gente tem que ser respeitado. Como presidente, defendo todos os lados da Casa, sem olhar ideologia. Mas não posso aceitar atitudes que humilham ou tentam desmoralizar nossos colegas”, disse.

Episódios de constrangimento e hostilidade

O caso de Carlos Minc expôs, segundo ele, um comportamento mesquinho do governo municipal. O parlamentar, autor da lei que mudou o nome da Estrada do Amapá para Estrada Padre Bruno, foi desconvidado da cerimônia oficial que celebraria a homenagem. A exclusão, segundo Minc, teria sido articulada para satisfazer a vontade da família Reis, grupo político que domina a cidade.

Para Bacellar, impedir a presença do autor da lei em um ato criado por sua iniciativa é “mais do que falta de respeito — é um ataque direto à função legislativa e à democracia”. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj já havia reagido no dia anterior, aprovando moção de repúdio contra a prefeitura.

No caso de Arthur Monteiro, a indignação foi ainda maior. O deputado denunciou que o nome de sua mãe, Maria Helena Monteiro, foi retirado da placa da nova Unidade Básica de Saúde (UBS) do Centenário, semanas após a inauguração. Professora e vítima de câncer no ano passado, Maria Helena havia sido homenageada pela comunidade. A prefeitura alegou “identidade visual” para justificar a troca, mas Monteiro acusou o ato de perseguição pessoal e desperdício de dinheiro público.

Bacellar eleva o tom contra Caxias

Ao se pronunciar, Bacellar criticou duramente a gestão municipal, chamando a atitude de “covarde, abusiva e sem escrúpulos”.
“Quando alguém recorre a desonrar a mãe de outro para atacar politicamente, mostra que não tem caráter, não tem dignidade e não merece respeito”, afirmou.

O presidente da Alerj também disse que a cidade, administrada pelo prefeito Netinho Reis (MDB), sobrinho do ex-prefeito Washington Reis, não pode se transformar em um espaço onde “a política se confunde com feudos familiares que se acham no direito de excluir e retaliar”.

Repercussão

A postura da prefeitura foi vista por parlamentares como um sintoma de autoritarismo e de uso da máquina pública para resolver disputas pessoais. Para opositores, a gestão em Caxias deveria se preocupar com serviços e obras para a população, e não com “manobras para tentar apagar nomes e silenciar vozes”.

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