Na manhã desta terça-feira (10), a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou uma ampla operação no Complexo de Israel, visando o cumprimento de pelo menos 70 mandados de prisão contra membros do grupo criminoso Terceiro Comando Puro (TCP). A ação, fruto de sete meses de investigação, identificou 44 traficantes sem registros criminais anteriores, o que permitiu a emissão de novos mandados judiciais. Até o momento, nove pessoas foram detidas.
O avanço da operação gerou intensa troca de tiros, atingindo civis em diferentes pontos da cidade. Dois homens foram baleados dentro de ônibus distintos: um motorista na Linha Vermelha e um passageiro na Avenida Brasil. Entre os feridos, está Manoel Américo da Silva, de 60 anos, que passou por cirurgia e apresenta quadro estável.
Em razão da violência, a prefeitura do Rio determinou o fechamento temporário da Avenida Brasil e da Linha Vermelha por volta das 6h30, provocando transtornos no trânsito da Zona Norte da cidade. A situação levou o Centro de Operações e Resiliência (COR) a elevar o nível de alerta urbano para Estágio 2, indicando impactos significativos na rotina dos cidadãos.
A operação mira diretamente o tráfico de drogas comandado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, um dos criminosos mais procurados do estado. Ele batizou de Complexo de Israel as comunidades sob seu domínio, incluindo Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Religiões de matriz africana foram banidas da região sob sua influência.
Além da repressão direta aos criminosos, as investigações revelaram novas estratégias do TCP para dificultar a ação policial. O grupo utiliza barricadas, drones de monitoramento e até determina toques de recolher. Também foi identificado um núcleo que planejava a queima de ônibus como forma de protesto contra incursões das forças de segurança, além de um grupo especializado em abater aeronaves policiais por meio de armamento pesado e treinamentos específicos.

