Professor Pedro Duque: Todos os olhos voltados para uma gaivota e uma chaminé

É com profunda alegria que inicio minha participação como colunista no Fala Rio, justamente em um dos momentos mais emblemáticos da vida da Igreja: o conclave. Enquanto os cardeais estavam reunidos na Capela Sistina, em silêncio, oração e discernimento, o mundo inteiro acompanhava, em suspense, uma simples chaminé. E, curiosamente, ao lado dela, uma gaivota permaneceu pousada por longos minutos — uma imagem singela, mas carregada de simbolismo: o céu e a terra atentos ao mesmo mistério.

Muitos olham para o conclave como se fosse uma eleição comum, quase uma sucessão política. Mas o que acontece ali não pertence à lógica puramente humana. Os cardeais votam, sim, mas fazem-no de joelhos. Votam em oração, conscientes de que precisam escutar a voz do Espírito Santo. Ele não os força, mas os assiste. E, mesmo com todas as fraquezas humanas, nada escapa à Divina Providência.

Não devemos, portanto, esperar resoluções meramente humanas de uma realidade que é divina. A Igreja não é uma ONG internacional nem uma instituição sujeita às marés da opinião pública. A Igreja Católica é fundada sobre uma promessa: “non praevalebunt” — as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Seu Fundador é divino, sua Cabeça é divina. O Papa governa a barca, mas quem a conduz é Cristo.

Ao longo dos séculos, os Papas exerceram papéis decisivos no mundo, muito além do Vaticano. São João Paulo II evitou um conflito armado entre Argentina e Chile no episódio do Canal de Beagle, e ainda durante a Guerra das Malvinas, manteve pontes de diálogo e orações pela paz. Em séculos anteriores, a Igreja não hesitou em aplicar penas de excomunhão a reis que exploravam os pobres por meio da usura — prática condenada não só moralmente, mas também economicamente, como contrária à justiça.

O Papa não é apenas o líder de mais de um bilhão de católicos. Ele é, neste mundo conturbado, um sinal visível de uma realidade invisível. Sua missão é confirmar os irmãos na fé e manter a unidade do rebanho de Cristo. E é por isso que, diante de uma chaminé e de uma simples gaivota, milhões esperaram com o coração apertado pela fumaça branca: porque, em algum lugar da alma, até mesmo os mais distantes sentem que algo de eterno está em jogo.

Nesta coluna, quero abrir um espaço para refletir com você sobre os grandes temas da nossa época — com profundidade, responsabilidade e fé. Vamos falar sobre fé, política e educação, os três eixos que definem minha própria missão como professor, catequista e alguém que há anos trabalha diretamente com a formulação de políticas públicas e com a atuação política na vida real. É justamente desse lugar de experiência, estudo e convicção que espero contribuir com o debate público.

Porque, como diz o Padre Paulo Ricardo: é lindo ser católico.

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