Cerca de mil telefonistas foram demitidas no Estado do Rio de Janeiro após o rompimento abrupto de contrato entre a Caixa Econômica Federal e a empresa terceirizada MultService. A dispensa em massa, que surpreendeu as trabalhadoras nesta quinta-feira (24), faz parte de um desligamento nacional que já afeta aproximadamente seis mil profissionais em todo o Brasil.
As profissionais, que há anos desempenham funções essenciais de atendimento nas agências da Caixa, têm sido sucessivamente contratadas por empresas terceirizadas após licitações. No entanto, sindicatos e representantes das categorias alegam que a atividade exercida deveria garantir vínculo direto com o banco público, dada sua natureza contínua e essencial.
Durante quase seis anos, as telefonistas foram contratadas pela Apa Serviços. Em março deste ano, com a nova licitação, a empresa MultService assumiu o serviço, mas já demonstrava sinais de precarização: atrasos recorrentes no pagamento de salários, vale-refeição e vale-transporte. A situação motivou a mobilização do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Rio de Janeiro (Sinttel-Rio), que chegou a notificar judicialmente tanto a MultService quanto a própria Caixa.
A situação é especialmente dramática para muitas das demitidas, que são chefes de família e dependem exclusivamente do salário para sustentar seus lares. Pegas de surpresa, relataram profundo desespero e insegurança quanto ao futuro. “A gente foi pega de surpresa, sem nenhum aviso. Tenho filhos para criar, contas para pagar. Esse salário era o único sustento da minha casa”, relatou uma das trabalhadoras, que preferiu não se identificar.
A demissão em massa, realizada sem aviso prévio ao sindicato — como determina o Supremo Tribunal Federal (STF) —, foi classificada como “inaceitável” pela diretora do Sinttel-Rio, Virgínia Berriel.
“Esta atitude por parte de um banco público é gravíssima. Ela causa um enorme impacto para essas profissionais que há anos se dedicam ao atendimento na Caixa e prejudica também os clientes, que perdem o atendimento humanizado e eficiente”, criticou a sindicalista. “Repudiamos esse ataque aos direitos das trabalhadoras e alertamos que não vamos aceitar a substituição das telefonistas por recepcionistas que não têm o treinamento necessário e recebem salários menores.”
Diante da situação, o Sinttel-Rio articula uma série de ações para pressionar por soluções imediatas, incluindo notificação judicial, mobilização de outras entidades sindicais, como o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, e protestos de rua.
Uma manifestação está marcada para esta sexta-feira (25), às 14h, em frente à sede principal da Caixa Econômica Federal, localizada na Rua do Passeio, esquina com a Rua das Marrecas, no Centro do Rio. O ato busca não apenas denunciar a demissão em massa, mas também exigir respeito aos direitos das trabalhadoras e à qualidade do atendimento prestado à população.