Padre Fábio Escobar: Como será a escolha do novo Papa após a morte de Francisco

Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica entra em um dos momentos mais solenes e significativos de sua história: a escolha do novo Sucessor de Pedro. O processo, carregado de tradição, espiritualidade e simbolismo, é conhecido como Conclave, palavra que significa “com chave” – remetendo ao fato de que os cardeais eleitores ficam isolados do mundo até a escolha do novo pontífice.

Mas como funciona esse processo? Quem pode votar? Quem pode ser eleito? Quanto tempo pode durar esse momento decisivo para o futuro da Igreja? Essas e outras questões serão respondidas a seguir.

O Conclave: um tempo de oração e decisão

O Conclave ocorre na Capela Sistina, no Vaticano. Participam dele os cardeais com menos de 80 anos de idade na data da morte do Papa ou da renúncia ao pontificado. Esses cardeais são chamados de eleitores.

Atualmente, a Igreja possui 239 cardeais, sendo que 129 são eleitores. Os demais, 110, são considerados não-eleitores, por já terem ultrapassado os 80 anos, conforme determina a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II em 1996 e atualizada por Bento XVI.

Qualquer homem batizado e celibatário pode ser eleito Papa. Na prática, no entanto, os eleitos sempre foram cardeais, embora não haja essa exigência canônica. No caso de alguém que não seja bispo ser escolhido, ele deverá ser ordenado bispo imediatamente após a eleição.

A fumaça: sinal do céu para a terra

Durante o Conclave, os cardeais votam até quatro vezes por dia – duas pela manhã e duas à tarde. Após cada sessão, as cédulas são queimadas com uma substância química:

  • Quando a eleição não alcança os dois terços dos votos, sai fumaça escura (preta) da chaminé da Capela Sistina.

  • Quando a eleição é bem-sucedida, e o novo Papa aceita sua eleição, a fumaça que sobe é branca – o sinal de que a Igreja tem um novo pastor.

A escolha do nome papal

Assim que o eleito aceita o cargo, ele é questionado: “Como deseja ser chamado?” A partir daí, ele escolhe o nome que será conhecido por todo o mundo – prática que começou com o Papa João XII, no século VI.

A escolha do nome é carregada de significado espiritual e missionário, podendo indicar a inspiração do novo pontificado. João Paulo II, por exemplo, quis homenagear seus dois predecessores: João XXIII e Paulo VI. Já Francisco escolheu este nome por causa de São Francisco de Assis, símbolo de humildade e cuidado com os pobres e com a criação.

Conclaves recentes: uma breve retrospectiva

Os últimos conclaves da história recente foram relativamente rápidos, demonstrando a unidade e a inspiração do Espírito Santo entre os cardeais:

  • Papa João Paulo II (Karol Wojtyla): eleito em 16 de outubro de 1978, após apenas 2 dias de Conclave e 8 votações.

  • Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger): eleito em 19 de abril de 2005, após menos de 2 dias e apenas 4 votações.

  • Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio): eleito em 13 de março de 2013, também com 5 votações em dois dias.

Curiosidades e detalhes importantes

  • Os cardeais entram em regime de total clausura. Não podem ter acesso à imprensa, celular ou qualquer comunicação externa.

  • A fórmula de aceitação do novo Papa é: “Aceito, em obediência à vontade de Cristo e com confiança na graça de Deus.”

  • O novo Papa é apresentado ao povo com a famosa frase: “Habemus Papam!” (Temos um Papa!)

  • Em seguida, ele aparece na sacada da Basílica de São Pedro e dá sua primeira bênção apostólica Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo).

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