Nem sempre é fácil lidar com as frustrações. Quantas vezes tentamos não criar expectativas, temendo as dores e as decepções que podem surgir, e acabamos nos esquecendo de que, em meio às dificuldades, também existem frutos que marcaram positivamente nossa história. Deixar de viver por medo de errar ou se frustrar é como renunciar ao aprendizado que Deus nos proporciona a cada experiência, seja ela de êxito ou de aparente fracasso.
O Frei Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, certa vez afirmou: “O verdadeiro fracasso é não tentar de novo.” Essa frase nos leva a refletir sobre o valor do recomeço, mesmo após situações que nos deixaram sem forças. A vida cristã exige que nos reinventemos constantemente, mantendo os olhos fixos em Cristo. Ele é o ponto de referência que transforma a dor em crescimento e a frustração em oportunidade.
Pedro, o apóstolo, é um exemplo vivo de como as frustrações podem moldar um coração. Ele era impulsivo, muitas vezes agindo sem refletir, e isso o levou a situações que, de início, pareciam fracassos. Um exemplo marcante é o episódio em que, no calor da emoção, Pedro cortou a orelha de Malco, servo do sumo sacerdote, na tentativa de defender Jesus no Getsêmani (João 18,10-11). Ele foi imediatamente repreendido por Jesus, que devolveu a orelha ao soldado e ensinou a Pedro que o Reino de Deus não se constrói pela força das armas, mas pelo amor e pela obediência à vontade do Pai.
Outro momento de profunda frustração de Pedro foi a sua negação de Cristo. Após afirmar com firmeza que nunca O abandonaria, ele negou Jesus três vezes antes do canto do galo (Mateus 26,69-75). Imagine a dor e a vergonha que Pedro sentiu ao perceber que havia falhado. No entanto, foi justamente ali, no reconhecimento de sua fraqueza, que Pedro começou a ser transformado. Após a ressurreição, Jesus o chamou novamente e lhe confiou a missão de apascentar o Seu rebanho (João 21,15-17), mostrando que a graça de Deus é maior do que qualquer erro ou queda.
Esses episódios nos ensinam que, para crescer, precisamos enfrentar as frustrações de frente, com humildade e abertura para aprender. Não é fácil, mas é necessário. Pedro se tornou a pedra sobre a qual Cristo edificou a Igreja, não porque era perfeito, mas porque foi moldado em suas fraquezas e soube confiar no Senhor.
Assim como Pedro, precisamos nos reinventar todos os dias. Precisamos olhar para Cristo como o exemplo perfeito de quem sofreu, foi rejeitado, mas nunca desistiu da missão que o Pai Lhe confiou. A frustração, quando vivida com fé, nos faz mais fortes, mais humildes e mais confiantes no amor de Deus.
Que possamos aprender com nossas quedas e acreditar que, como bem disse o Frei Cantalamessa, o verdadeiro fracasso está em não tentar de novo.
Por isso, da próxima vez que a frustração bater à sua porta, lembre-se: o que hoje parece uma perda pode ser a ponte para um crescimento maior. Basta confiar em Cristo e seguir adiante, com coragem e fé.
