Brasil ‘Taxa Demais’, Afirma Trump

Nesta segunda-feira, 16, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o Brasil está entre os países que praticam tarifas elevadas, sugerindo que, em resposta, poderia aumentar as taxas aplicadas sobre produtos brasileiros que entram no mercado norte-americano.

Embora reconheçam que o Brasil tem um histórico de tarifas altas, especialistas ouvidos pela reportagem apontam que a implementação dessa medida traria consequências econômicas negativas, especialmente um aumento nos preços internos dos Estados Unidos.

“Historicamente, o Brasil tem taxas elevadas de exportação, e esse é um traço antigo do País”, afirmou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Mas Trump tem uma visão distorcida sobre tarifas. O efeito disso será o aumento do custo geral para as empresas norte-americanas”, completou.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento mostram que, entre janeiro e novembro de 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos cresceram 9,3%, somando US$ 36,57 bilhões (R$ 221,26 bilhões). No mesmo período, as importações brasileiras de produtos norte-americanos aumentaram 6,9%, atingindo US$ 37,36 bilhões (R$ 226 bilhões), gerando um déficit de US$ 790 milhões (R$ 4,8 bilhões) na balança comercial brasileira.

Especialistas também destacaram o protecionismo praticado por ambos os países. José Ronaldo Souza Júnior, economista do Ibmec-Rio, explicou que o Brasil adota tarifas que podem chegar a 60% sobre produtos importados, além de tributos como IPI, PIS/Cofins e ICMS, que encarecem ainda mais os produtos. Por outro lado, os Estados Unidos já impuseram barreiras como taxas antidumping, que, em casos como o dos tubos de aço brasileiros, chegaram a 103,4% até sua revogação neste ano.

Volnei Eyng, CEO da Multiplike, avalia que a ameaça de Trump tem caráter mais populista do que prático. “Trump sabe que ações como essa podem desencadear inflação, o que é intolerável para os Estados Unidos. Além disso, o foco comercial dos EUA segue na China, Rússia e México”, analisou Eyng.

Para Sergio Vale, caso a medida seja adotada, o Brasil poderia retaliar, uma prática comum na política comercial do País. “Se Trump realmente avançar com essa ideia, poderá expulsar o comércio brasileiro para mercados como China e Europa, prejudicando a relação bilateral”, concluiu o economista.

O cenário ainda depende de desdobramentos políticos e econômicos, mas as declarações de Trump reforçam as tensões comerciais e acendem o alerta para possíveis mudanças no equilíbrio das relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos.

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