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Fungos estão se Adaptando ao Calor Corporal, Alerta Estudo

Um recente estudo publicado na revista Nature Microbiology revelou que alguns fungos estão se adaptando para se tornarem capazes de infectar seres humanos, possivelmente impulsionados pelas mudanças climáticas globais. Esta descoberta levanta preocupações sobre novas infecções fúngicas que podem representar um desafio significativo para a saúde pública global.

De acordo com os pesquisadores, liderados por cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard e do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona, o aumento das temperaturas pode estar permitindo que certas espécies de fungos sofram mutações, desenvolvendo resistência a antifúngicos e aumentando sua virulência.

O estudo baseou-se na análise de registros de infecções fúngicas de 98 hospitais na China ao longo de uma década. Os pesquisadores identificaram casos raros em que fungos anteriormente não patogênicos para humanos demonstraram capacidade de causar infecções, especialmente em pacientes com sistemas imunológicos comprometidos.

Segundo Jatin Vyas, especialista em fungos da Faculdade de Medicina de Harvard, a temperatura corporal humana de 37°C é geralmente muito elevada para a sobrevivência da maioria das espécies de fungos. No entanto, espécies como R. fluvialis e R. nylandii foram encontradas tolerando bem essa temperatura, o que pode indicar uma adaptação às condições corporais humanas.

“A evolução desses fungos para suportar temperaturas mais altas e desenvolver resistência a medicamentos antifúngicos é alarmante”, alerta Vyas. “Isso pode abrir caminho para novas doenças infecciosas graves em um cenário de aquecimento global contínuo.”

Toni Gabaldón, biólogo evolucionário do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona, acrescenta que embora existam evidências de que algumas espécies de fungos estão crescendo em temperaturas mais altas do que antes, ainda são necessárias mais pesquisas para estabelecer uma ligação direta com as mudanças climáticas.

“A resistência aos antifúngicos já é um problema sério”, explica Gabaldón. “Com poucas opções terapêuticas disponíveis e um número crescente de infecções fúngicas, o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento é crucial.”

O estudo ressalta a importância de monitorar de perto a evolução dos patógenos fúngicos em resposta às mudanças ambientais e climáticas. A disseminação de fungos resistentes a medicamentos para várias partes do mundo, como observado na Europa e na América do Norte, representa um desafio adicional para os sistemas de saúde globalmente.

Diante desses desafios, Vyas enfatiza a necessidade urgente de pesquisa contínua e desenvolvimento de novas terapias antifúngicas. “Estamos apenas começando a compreender como os fungos estão se adaptando e evoluindo”, diz ele. “A preparação para enfrentar esses patógenos emergentes é essencial para proteger a saúde pública no futuro.”

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