A escalada global da dengue é uma realidade preocupante que demanda atenção urgente. No Brasil, o país atingiu recentemente um recorde alarmante de 1,8 milhão de casos e 630 mortes por dengue desde o início do ano, com um coeficiente de 954,2 infecções por 100 mil habitantes. Esse cenário epidêmico já afetou 13 estados e o Distrito Federal, representando uma emergência em saúde pública sem precedentes no país no que diz respeito a uma arbovirose.
O problema não se restringe ao Brasil. Outros países latino-americanos, como Argentina e Paraguai, também enfrentam surtos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Além disso, o aquecimento climático global está levando a registros de infecções mesmo em regiões com temperaturas mais amenas, como Espanha, Itália e França, onde o vetor é o mosquito Aedes albopictus.
A escalada global da dengue é evidente, com um aumento nas taxas de transmissão superior a oito vezes nas últimas duas décadas. Com 5% das pessoas infectadas podendo desenvolver formas graves da doença, o risco de aumento no número de hospitalizações e mortes é significativo.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que há 390 milhões de infecções pelo vírus da dengue por ano em todo o mundo, com 96 milhões de casos sintomáticos. Em 2019, foram registrados 56 milhões de casos em diversos países, resultando em 36 mil mortes. Com 500 mil casos graves por ano e uma taxa de mortalidade de cerca de 10% entre os pacientes hospitalizados, a dengue representa uma ameaça significativa.
Por ser uma doença transmitida por vetor, com quatro diferentes subtipos e sem terapia específica, a dengue é um problema de saúde complexo. Embora haja perspectivas de desenvolvimento de antivirais para tratamento, isso ainda não está disponível em larga escala. A vacina existente é limitada e insuficiente para conter epidemias. Portanto, a prevenção por meio de medidas não farmacológicas e a assistência aos doentes para evitar complicações e óbitos continuam sendo as principais estratégias de enfrentamento da doença.
