O bolsonarismo dobrou a aposta na tese da perseguição e está tentando desacreditar os depoimentos à Polícia Federal (PF) na esperança de amenizar o impacto do indiciamento pela fraude em cartões de vacinação. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiram lançar dúvidas sobre o relatório da PF e descreditar os depoimentos que fundamentaram o indiciamento.
Essa estratégia, sem pretensão de obter resultados concretos na esfera jurídica, busca dar uma resposta política ao indiciamento e mobilizar a base bolsonarista, apresentando o ex-presidente como uma espécie de mártir.
Os aliados de Bolsonaro difundem duas narrativas principais. A primeira sugere que os depoentes teriam mentido para se livrar de possíveis acusações, apontando o dedo para o ex-presidente. A segunda investe na ideia de que o relatório teria distorcido as falas dos depoentes, não retratando fielmente o que foi dito.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), fiel aliado de Bolsonaro, reforçou essa linha de argumentação nas redes sociais. “Em reunião no Planalto, o presidente Bolsonaro recebeu uma comitiva de marcianos e orquestrou um golpe na lua, com apoio da extrema-direita de Plutão. Pronto: mais um testemunho comprometedor. Com exatamente a mesma veracidade de todos os demais”, ironizou o senador.
Nos bastidores, um alvo preferencial é Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A teoria difundida pelos bolsonaristas é que o próprio tenente-coronel não reconheceria no relatório o que de fato disse à PF.