Search
Close this search box.

O Retorno da Covid: Quem Está Mais Suscetível a Ser Infectado Novamente?

Um Novo Estudo Reforça a Importância da Exposição ao Vírus e a Papel das Vacinas e Infecções Prévias

Um novo estudo recente apresenta dados que corroboram uma das principais hipóteses sobre a propagação da Covid-19: a intensidade da exposição ao vírus desempenha um papel crucial, e embora as vacinas e infecções anteriores possam oferecer proteção, ela é limitada em certa medida – mas ainda assim são benéficas.

A pesquisa, conduzida por cientistas da Escola de Saúde Pública de Yale e publicada na revista Nature Communications, também reforça a noção amplamente aceita de que o uso de máscaras e a melhoria da filtragem do ar podem ampliar a proteção conferida pelas vacinas, reduzindo o risco de contrair o vírus. Qualquer pessoa que esteja acompanhando o aumento dos casos de Covid-19 em sua comunidade deve levar essa informação a sério: as infecções não são inevitáveis, e as medidas que adotamos para nos proteger não são apenas práticas – elas são respaldadas por evidências cada vez mais robustas.

Embora os dados do mundo real já tenham fornecido aos cientistas uma noção razoável da capacidade das vacinas em prevenir os casos graves da Covid-19, tem sido desafiador compreender completamente sua eficácia na prevenção da transmissão do vírus.

Uma equipe de pesquisadores encontrou uma abordagem inovadora para investigar o fenômeno conhecido como “vazamento” das vacinas – ou seja, sua capacidade de proteger contra a transmissão do vírus, mas apenas até um certo nível de exposição. Para isso, eles analisaram as infecções ocorridas nas prisões de Connecticut, nos Estados Unidos.

As instituições correcionais proporcionaram uma oportunidade única para avaliar a eficácia das vacinas. Raramente os pesquisadores dispõem de informações tão detalhadas sobre com quem um indivíduo está em contato direto e intenso (como um colega de cela), com quem provavelmente tem interações regulares próximas (outros detentos da mesma ala) ou com quem pode estar exposto de forma mais ocasional (dentro do contexto mais amplo da comunidade).

Além disso, os pesquisadores possuíam informações sobre quantas vezes cada pessoa havia sido infectada ou vacinada. Melhor ainda, os testes foram realizados com frequência e seguindo critérios definidos, sem interferências pessoais.

Ao rastrear as infecções durante as ondas Delta e Ômicron, os pesquisadores constataram que a imunidade híbrida – adquirida por meio da vacinação e infecção prévia – ofereceu a melhor proteção contra a Covid-19, mesmo quando as pessoas estavam em proximidade com alguém infectado. A imunidade conferida apenas pela vacinação ou por infecção anterior foi menos duradoura: proporcionou uma proteção razoável contra infecções em situações de baixa exposição ao vírus, mas essa proteção diminuiu consideravelmente em situações de alta exposição.

É importante ressaltar que a pesquisa possui algumas limitações. Sendo um estudo observacional, as conclusões são baseadas na análise de dados disponíveis, em vez de testes ativos de hipóteses. Além disso, os cientistas só conseguiram avaliar o número de infecções, não a gravidade das mesmas. Também é relevante destacar que a população carcerária é predominantemente composta por homens jovens. Seria interessante replicar esse estudo em locais onde testes igualmente frequentes e padronizados fossem conduzidos em uma população mais idosa, como em casas de repouso, por exemplo.

No entanto, o artigo contribui para reforçar algo que já deveria ser consensual: evitar exposição prolongada ao vírus, mesmo após vacinação ou infecção prévia, é uma abordagem eficaz para prevenir a infecção. “Não estamos revelando nada que seja ilógico à luz do que vivenciamos nos últimos anos”, afirma Margaret Lind, epidemiologista da Escola de Medicina de Yale e uma das líderes da pesquisa.

O artigo também acrescenta nuances à discussão. Ele sugere que o uso de máscaras e a melhoria da ventilação não são apenas importantes para a proteção direta, mas também porque reduzir a exposição ao vírus parece potencializar a eficácia da imunidade conferida pelas vacinas e infecções prévias, de acordo com Lind.

As conclusões desse estudo possuem implicações claras para o público em geral. Aqueles que ainda hesitam em receber doses de reforço devem reconsiderar essa decisão quando as vacinas atualizadas estiverem disponíveis nas próximas semanas. Atualmente, apenas 20% dos adultos nos Estados Unidos receberam a dose de reforço mais recente, indicando um grande espaço para melhorias.

Há algum tempo, os dados evidenciam que a atual geração de vacinas é essencial para salvar vidas e manter os grupos mais vulneráveis longe dos hospitais. Agora, há motivos sólidos para acreditar que a atualização das doses de reforço também pode contribuir para prevenir algumas infecções.

Esse é um objetivo razoável. Afinal, ainda não compreendemos completamente as possíveis consequências de longo prazo de múltiplas infecções por Covid-19. Portanto, é sensato utilizar todas as ferramentas disponíveis para minimizar esse risco.

À medida que os casos voltam a aumentar, é aconselhável revisitarmos as estratégias comprovadas para reduzir a exposição ao vírus. Isso pode envolver o uso de máscaras em situações de maior risco percebido. Além disso, deveríamos investir mais na qualidade da ventilação em ambientes internos, seja em residências, escolas ou locais de trabalho. Pelo menos, abrir uma janela enquanto o clima ainda estiver ameno pode fazer diferença.

Mais Matérias

Pesquisar...