Quanto tempo você aguentaria pelado na natureza? É assim que os participantes do reality “Largados e Pelados”, que ganhou uma edição na TV brasileira no fim do ano passado, sobrevivem 21 dias: nus num ambiente selvagem e hostil. Agora, imagine viver essa situação na Baixada Fluminense. Foi assim que, às margens da Baía de Guanabara, em Magé, os amigos de infância Daniel Bessa, de 24 anos, Carlos Henrique Felix, de 26, e João Vitor Feliz Duarte, de 22, fãs do programa, encararam o desafio de ficarem “Largados e Pelados na Baixada”.
A versão estrondou nas redes sociais, mostrando a região de uma forma diferente: selvagem e exuberante. No primeiro episódio, gravado em 4 de janeiro, o grupo viralizou com mais de 5 milhões de visualizações no Facebook e no YouTube. Afinal, não é fácil brincar de Adão e Eva e renunciar a itens básicos, ficando a mercê dos insetos e dos tormentos da vida no mato.
— A ideia começou por acaso. Eu assisto ao programa há tempos e sempre tive a mente fértil. Somos dez amigos, que se juntam e gravam os episódios. A gente chega no local, acha alguns objetos e inventa nomes para eles. Gostamos de deixar descontraído para ficar engraçado. Acho que é por isso as pessoas gostam — brincou Daniel.
Além do YouTube e Facebook, o grupo está também no Instagram (@montagensaleatorias), onde faz postagens diárias e conversa com fãs.
Com trajes feitos de folhas de bananeira, o grupo se diverte pescando em lagos, adentrando a mata e catando caranguejos à mão no mangue. Na reserva do Tinguá, em Nova Iguaçu, os amigos encaram as desventuras, sem deixar faltar imaginação. Nos perrengues em meio à natureza, as plantas são usadas para criar um acampamento para o grupo. Já as flores viram “flor do mangue”. O bambu se torna um “pilão selvagem”, a jaca vira “pinha africana” e os porquinhos da Índia “preá do Nilo”. A linguagem própria dá originalidade ao projeto, que começou de brincadeira.

— O projeto dá voz a Piabetá e à Baixada Fluminense, que é tão esquecida. Aqui tem muita natureza, muitos cenários paradisíacos que as pessoas não conhecem. Sem falar do valor histórico que Magé carrega. Aqui passa a primeira linha ferroviária da América Latina, mas está abandonada. A passagem de Dom Pedro até Petrópolis também foi por aqui. Tem um Cemitério dos Escravos aqui perto, por onde as caravanas passavam, fazendo a rota do ouro. Ou seja, tem muita história bacana para ser explorada — lembrou Daniel, exaltando o bom humor, principal ingrediente da paródia: — Esse humor que a gente traz nos vídeos é para mostrar a Baixada e seus lugares de forma descontraída — disse o jovem, que mora com a mãe num sítio em Paquetá, trabalha com edição de vídeos e sonha ser diretor e ator.
Cada episódio leva 24h para ser gravado e editado. Os irmãos Henrique e João Vitor, que trabalham como ajudante de carregamento e bombeiro civil respectivamente, não tinham familiaridade com as telas e atribuem o sucesso ao improviso. Sem roteiro e com a câmera do celular, o grupo já gravou em diferentes locais, como na Cachoeira do Parque dos Artistas, no Remanso, em Suruí e no Porto Estrela, em Magé.
— A gente fica feliz demais com o sucesso. Um dia a gente vai dormir com 4 mil curtidas, no outro acorda batendo mais 800 mil! Tem comentário negativo, mas tem muita gente que dá apoio, gosta, isso nos motiva — afirmou Henrique.