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Ponto mais turístico de Santa Teresa é refém da ilegalidade generalizada

Santa Teresa é um dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, conhecido por sua cultura, charme e espírito carioca; pelo seu lado turístico também, mas muito mais pela sua conexão direta com a história e cultura da cidade. Contudo, está sendo destruído por um caos generalizado que é crescente, e infectou já seu ponto mais nobre e turístico: o Largo do Guimarães.

Comércio ilegal de péssima aparência e higiene duvidosa, estacionamento irregular, som alto por horas, acúmulo de lixo e muita bagunça tomaram conta do Largo onde se cruzam a Almirante Alexandrino, a Pascoal Carlos Magno e a Ladeira do Castro – região batizada popularmente como o “coração de Santa Tereza” por ser um dos locais mais visitados por turistasna Zona Central da cidade. O casario histórico – muitos dos imóveis já foram restaurados e emprestam beleza e praticidade à cidade – acaba sendo encoberto e enxovalhado por barracas de camelôs que fazem comida nas ruas sem qualquer asseio, e chegam a danificar os imóveis tombados. Isso sem contar no fedor de gordura que contamina as ruas mais ”hype” do bairro, que é eminentemente residencial mas tem no seu centrinho muitas atrações turísticas e gastronômicas.

Neste fim de semana o DIÁRIO DO RIO recebeu diversas denúncias de moradores da região, que mostram que foram abandonados pelo poder público. Um morador e leitor do DIÁRIO, que preferiu não se identificar, alega que já foram feitas várias solicitações à Prefeitura, mas elas nunca surtiram efeitos. “Como não há nenhum incômodo, toda semana aparece uma novidade. Alguns comerciantes não satisfeitos em ocupar a calçada, obrigando os pedestres a disputar espaço com os carros, colocam mesas e até promovem churrasco literalmente no meio da rua, dificultando também  o tráfego de veículos”, afirma o morador de Santa Tereza. Guarda Municipal? ”Ninguém nunca viu por aqui”, diz.

O morador ainda relata que há todo tipo de comercio sem alvará, como caminhão de chope, ambulantes com isopores tomando conta dos espaços e toda variedade de comida vem sendo servida e preparada no meio da rua. “O bairro que sempre foi visto como bucólico, vem atraindo um movimento mais parecido com a Lapa, que não condiz com o cenário, preocupando os moradores e frequentadores”.

Não é incomum observar kombis e utilitários com os quatro pneus arriados jogados pelas praças e até mesmo nos lindos mirantes do bairro, servindo de obstáculo para a vista que é um de seus maiores atributos. Há também queixas de restaurantes que estariam colocando cadeiras e mesas em calçadas, sem licença. Mas muito pior que isto é o churrasquinho servido e ”assado” no meio da rua Almirante Alexandrino, tanto em frente à farmácia, onde também grassa o estacionamento ilegal, quanto na pracinha do Largo. “O odor, ou mellhor, fedor, é daqueles que gruda no cabelo”, disse ao DIÁRIO Hilda Thurler, que se disse frequentadora do local.

Adriano Nascimento, administrador dos imóveis da Sociedade Reg, que investe em compra e restauro de imóveis da região, relata mais absurdos: ”nosso prédio do Largo do Guimarães, está alugado a um restaurante e uma imobiliária. Esta semana o camelô que ocupa com uma barraca de venda de churrasquinho destruiu todo o reboco que segura a murada de pedras do imóvel, pois para montar a barraca onde vende sua carne sem higiene alguma, bate pregos na fachada de nosso imóvel. O bairro parece que não tem subprefeito. É um caos total. Foram gastos quase 1,5 milhões de reais no restauro daquele casario, que agora é depredado na cara da administração regional que fica a 20 metros do prédio”, protesta. “Quantos pregos a gente arranca, mais eles colocam. Aquilo virou terra se ninguém”, lamenta.

Outro morador, que também preferiu não se identificar, alega que até um (grande!) puxadinho ilegal está sendo construído na Rua Almirante Alexandrino, 54. “Há uma estrutura, de possível comércio, sendo erguida acima da linha da rua. Isso é proibido!”. Nas fotos recebidas, a construção ilegal chama atenção e destoa do casario do bairro.

A redação do DIÁRIO DO RIO entrou em contado com a Subprefeitura do Centro do Rio, questionando porquê o órgão está sendo passivo com a destruição do bairro e eles afirmaram que irão intensificar uma vistoria no bairro de Santa Teresa para mapear possíveis irregularidades e acionar os órgãos competentes da Prefeitura. A subprefeitura também alega estar à disposição para conversar com os moradores e ouvir as demandas do local.

Recentemente uma grande obra da Águas do Rio realizou uma grande obra para retirada de um vazamento na calçada de pedras portuguesas do Largo. Ao refazer a calçada, o caos: as tabeiras pretas não foram repostas, o chão ficou todo irregular, o basalto mal colocado já está saindo e formando grandes buracos, para a surpresa de….ninguém.

Atualização – 18h10

Em nota enviada ao DIÁRIO DO RIO, a Subprefeitura do Centro informou que fará uma vistoria no bairro de Santa Tereza para mapear possíveis irregularidades e acionar os órgãos competentes. A Subprefeitura também se colocou à disposição para conversar com os moradores e ouvir as demandas do local.

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