EUA assumem falha na retirada das tropas americanas do Afeganistão

Pela voz dos representantes do Estado- Maior, os Estados Unidos assumem publicamente as falhas na retirada das tropas americanas do Afeganistão.

O general Mark Milley, presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior, chamou a guerra de 20 anos no Afeganistão de um “fracasso estratégico” e reconheceu ao Congresso que era a favor de manter  milhares de soldados no país para evitar o colapso do governo de Cabul, apoiado pelos EUA, e a tomada do poder pelo Talibã da forma como aconteceu. Perante o senado, o chefe de Estado-Maior, Lloyd Austin, reconheceu que podem surgir novos ataques terroristas praticados pela Al Qaeda. Austin e Milley devem comparecer nesta 4ª feira (29.set) perante o Comitê de Serviços Armados da Câmara para revisar a guerra.

Milley disse ao comitê do Senado que, na opinião dele, pelo menos 2,5 mil soldados americanos eram necessários como proteção ao colapso do governo de Cabul e o retorno do Talibã ao poder. O general Frank McKenzie, que, como chefe do Comando Central, supervisionava as tropas dos EUA no Afeganistão, disse que compartilhava da opinião de Milley de que a manutenção de uma força residual poderia evitar a derrocada dos ex-governantes afegãos.

“Recomendei que mantivéssemos 2,5 mil soldados no Afeganistão e também recomendei, no início do outono de 2020, que mantivéssemos 4,5 mil naquela época, essas eram minhas opiniões pessoais”, disse McKenzie. “Eu também achava que a retirada dessas forças levaria inevitavelmente ao colapso das forças militares afegãs e, eventualmente, do governo afegão.”

A audiência de seis horas no Senado marcou o início do que, provavelmente, será uma revisão estendida do Congresso dos fracassos dos EUA no Afeganistão. A duração e a profundidade da audiência contrastaram com os anos de supervisão limitada do Congresso sobre a guerra e as centenas de bilhões de dólares dos contribuintes que ela consumiu.

“O súbito interesse dos republicanos no Afeganistão é simplesmente uma velha política”, disse a senadora Elizabeth Warren, democrata de Massachusetts, que apoiou a decisão do presidente americano, Joe Biden, de encerrar o envolvimento dos EUA ali. A audiência às vezes era contenciosa, pois os republicanos procuravam retratar Biden como tendo ignorado os conselhos de oficiais militares e descaracterizado as opções militares que lhe foram apresentadas na primavera e no verão passado.

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