Niterói chega aos 447 anos sem clima para comemorações

Niterói chega aos 447 anos sem clima para comemorar, num ano totalmente atípico em meio à pandemia de coronavírus, que já custou muitas vidas. Desde o mês de março a cidade vem travando uma dura batalha para conter o avanço da doença. No dia 8 de março, por exemplo, quando o Rio computava 58 casos suspeitos e seis confirmados, Niterói já surgia nos boletins como a cidade que apresentava 18 casos suspeitos da doença. Aliás, Niterói foi a primeira cidade do Leste Fluminense a ter um caso de coronavírus. O primeiro caso registrado da cidade foi de um paciente de 27 anos, que esteve no exterior e foi atendido em um hospital da rede particular.

Desde então a cidade passou a monitorar todos os casos suspeitos da doença, que através dos gráficos passaram a crescer enquanto as autoridades da área da Saúde montaram barreiras para conter o avanço e seguir os protocolos de prevenção, através de um plano de contingência numa batalha até agora sem trégua. Um grupo de resposta rápida para assuntos relacionados à doença foi montado com objetivo de garantir os cuidados e assistência necessária para os casos que possam surgir.

Na linha de frente, profissionais passaram a realizar o monitoramento não apenas dos pacientes, mas também de suas famílias, por conta dos riscos de transmissão. A Fundação Municipal de Saúde adotou uma série de medidas para fornecer orientações sobre como evitar o contágio. Servidores de hospitais, clínicas, policlínicas e postos de Saúde passaram a ser capacitados e várias iniciativas foram implementadas no sentido de disponibilização de leitos e também para garantir suporte médico. Na mesma batalha contra a doença que avançava, campanhas foram criadas para o enfrentamento, como a divulgação de cartilhas de orientação e procedimentos, com o uso de álcool em gel, sabão e produtos para assepsia, além de orientações massivas para se evitar aglomerações.

Um mês depois, em abril, a cidade colocou em prática um plano mais intensificado de restrição. As restrições incluíram a proibição de circulação de motoristas de aplicativos de outras cidades e o transporte intermunicipal. No dia 23 daquele mês só quem trabalhasse em Niterói passaria a estar autorizado a entrar na cidade.

“É fundamental que a gente estimule o isolamento social restringindo a circulação em municípios vizinhos. Amigos e amigas de São Gonçalo e Maricá ouçam os apelos dos prefeitos e determinações das autoridades sanitárias e diminuam a circulação nas ruas. Só saiam de casa em extrema necessidade”, orientou na ocasião o prefeito Rodrigo Neves.

A velocidade e o crescimento do número de casos confirmados da doença levou a cidade de Niterói a endurecer ainda mais as medidas um mês depois, adotando o  isolamento social, chamado de lockdown. Medidas de maior endurecimento para a restrição de circulação de pessoas foram tomadas, com maior controle da entrada de pessoas de outras cidades. Pessoas que circulassem nas ruas, que não fossem de atividades consideradas essenciais, poderiam ser multadas, por exemplo.

“Nossas medidas levam em consideração, sobretudo, a realidade da nossa cidade. O objetivo é retomar o padrão de isolamento da última semana de março, quando estava em 70%. Atualmente, Niterói está em 56%. Precisamos ganhar essa batalha pela vida com menos mortes possíveis”, afirmou Rodrigo Neves.

A ordem foi a testagem de temperatura nas barreiras montadas na cidade e quem apresentasse temperatura acima do normal era encaminhado para unidades de saúde para realização de exames de Covid-19.

Medidas de restrição intensificadas

A Câmara Municipal de Niterói aprovou a mensagem executiva do prefeito com as regras ainda mais restritivas no município. O projeto recebeu votos de ampla maioria dos vereadores, aprovando medidas como proibir a qualquer indivíduo a permanência e o trânsito em vias, praias, equipamentos, locais e praças públicas na cidade. A Guarda Municipal ficou autorizada, no exercício do seu poder de polícia, a fiscalização e a aplicação de punições. Foram suspensas as obras que estavam em andamento em diversos pontos da cidade. Junto ao Ministério Público foi implementado a disponibilização da quantidade de leitos com respiradores na rede pública e privada de Niterói. Naquele mês, o número de casos aumentou seis vezes em 28 dias, os pacientes hospitalizados aumentaram em aproximadamente 200%, pacientes monitorados em isolamento tiveram alta de 640% e os óbitos com alta de até 58%, serviram de serviram como “gatilho” para as medidas.

As medidas de restrição foram prorrogadas por várias vezes nos meses seguintes abrangendo vários setores da cidade, sobretudo em escolas, bares, restaurantes, cinemas e teatros. Até o dia 31 de julho motoristas de aplicativos e taxistas de municípios limítrofes permaneciam impedidos de circular na cidade.

Flexibilização – Depois de uma sinalização de redução no número de casos, o comércio de rua de Niterói começou a reabrir  no mês de junho, como uma espécie de encaminhamento em direção a flexibilização das medidas adotadas anteriormente. Na ocasião a cidade estava no chamado estágio amarelo nível 2. Algumas lojas especializadas tiveram permissão para abrirem de segunda a sexta-feira, de meio-dia às 20h, e aos sábados, de 8h às 20h. Com relação a retomada das aulas presenciais nas escolas da cidade, a polêmica ainda se prolongou até o mês de outubro, quando o funcionamento para alunos do 3º ano do Ensino Médio passou a ser gradualmente liberado, na maior parte dos estabelecimentos, que estava apenas com ensino remoto, passou ser híbrido (remoto e presencial), seguindo rigorosos protocolos de prevenção. As demais séries permanecem sem autorização de retorno, sobretudo de Educação Infantil.

Na última quinta-feira (dia 19), após informações de novo aumento no número de casos confirmados da doença na cidade, e da chamada segunda onda de Covid-19 no pais, o prefeito Rodrigo Neves anunciou que Niterói retomaria a distribuição de máscaras em todas as regiões. Serão 500 mil unidades entregues pelas Administrações Regionais, entre novembro e dezembro. Outro serviço que será retomado é a sanitização das vias, realizada pela Companhia de Limpeza de Niterói (Clin).
Rodrigo Neves informou que será adotado um novo ciclo de diálogo com as entidades comerciais de Niterói e representantes das secretarias municipais de Fazenda e Desenvolvimento Econômico. Tudo por causa de uma oscilação no indicador síntese de monitoramento da Covid-19 registrada nos últimos dias, que chegou a 7.38, e também, por conta da taxa de ocupação de leitos hospitalares que está em 37%. O próprio prefeito foi diagnosticado com suspeita de ter contraído Covid-19.

Mais Matérias

Pesquisar...