FECOMÉRCIO DIZ QUE 40% DOS EMPRESÁRIOS DEVEM BUSCAR CRÉDITO PARA ENFRENTAR CRISE CAUSADA PELA COVID-19

Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) apontou que cerca de 40% dos empresários do setor de comércio e serviços pretendem buscar crédito para tentar sobreviver à crise e, aproximadamente, 20% têm dúvida se as empresas vão permanecer funcionando. A informação foi dada durante audiência remota da Comissão de Economia, Indústria e Comércio, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada na quarta-feira (24/06).

“Com o isolamento e o fechamento das portas, os empresários têm a demanda indo para zero de uma forma repentina. Quase 70% das empresas não aguentaram nem 30 dias. Estima-se que 40% das empresas que fecharam as portas não vão conseguir abrir mais, estamos falando de dezenas de milhares de empresas que vão sumir do mapa. Há a necessidade dos recursos chegarem ao empresário”, explicou o diretor executivo do Instituto de Pesquisas e Análises da Fecomércio, João Gomes.

O subsecretário da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, William Figueiredo ressaltou que havia uma perspectiva positiva de crescimento da economia do Rio em 2020, ponderando que a pandemia acabou prejudicando o setor de comércio: “A Firjan calculava uma projeção de 2,1% no começo do ano com o PIB. Hoje, já calcularam uma queda de 6,4%. Em março e abril, tivemos uma queda de 61 mil trabalhadores em serviços e 31 mil em comércio. Ou seja, 100 mil postos de trabalho a menos apenas nesses dois setores”.

Figueiredo ainda afirmou que os setores mais prejudicados foram de alimentação e alojamento. “Os restaurantes e hotelarias perderam cerca de 27 mil postos de trabalho nesses dois meses, o que representa 11% do seu estoque. Atualmente, a atividade de restaurantes e alojamentos no Rio é 11% menor do que era em dezembro de 2019. É muito drástico”, comentou.

O presidente da comissão, deputado Renan Ferreirinha (PSB), destacou que apesar de algumas restrições já estarem sendo flexibilizadas, a abertura do comércio não implica em retorno imediato das atividades ao estágio pré-pandemia: “As incertezas são muitas. O desemprego, a expectativa de diminuição da renda e o medo de contrair o coronavírus faz com que as pessoas consumam menos. De fato, lojistas que reabriram afirmaram que tiveram suas vendas abaixo das expectativas. O cenário é difícil, mas não podemos ficar de braços cruzados. O governo precisa atuar para minimizar os impactos negativos para ajudar o setor a passar por essa crise”.

Desafios enfrentados

José Domingo, vice-presidente da Associação de Hoteleira do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), salientou a necessidade de uma redução na carga tributária para o setor hoteleiro: “Mais de 70% dos hotéis fecharam as portas no estado do Rio e cerca de 90 encerraram as atividades na cidade do Rio de Janeiro, e é difícil mensurar quantos são definitivos e quantos são provisórios. Acredito que uma parcela significativa não vai abrir de novo. A curto prazo, a única solução que é um financiamento para que possamos pagar as contas. Precisamos de uma redução da carga tributária e de custos, o Estado precisa sobreviver com menos impostos.”

Participante da reunião, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Macaé (ACIM), Francisco Navega, atentou para a janela de oportunidades no segundo semestre de 2020. “A preocupação que temos neste momento é resguardar o setor de micro e pequena empresa, pois é o responsável por 60% dos empregos da nossa região. Macaé sofreu um pouco mais, porque tivemos seis mil desempregados em decorrência da pandemia de covid-19 juntamente à crise do petróleo. Algo em torno de 8% das empresas conseguiram algum recurso, antecipação de salários ou o auxílio da Caixa Econômica, que ainda está vindo em conta-gotas”, comentou.

Gerente jurídica do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (Sindilojas-Rio), Elizabeth Guimarães, reforçou a necessidade da realização de uma reforma tributária. “Nós temos visto os empregadores com dificuldade de crédito, pois esse crédito não chega à ponta. A carga tributária é altíssima. O empresário vai ter de optar entre pagar os colaboradores, os fornecedores, o aluguel de onde ele se encontra ou os impostos. Com isso, começará a inadimplência e isso vai dificultar na hora de obter o empréstimo. Uma reforma tributária é essencial”, concluiu.

Também participaram da reunião os deputados Welberth Rezende (Cidadania) e Waldeck Carneiro (PT).

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