Criminosos tomam conta de área próxima ao antigo lixão de Gramacho, Duque de Caxias

Criminosos tomaram conta de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, impedindo a revitalização de uma área próxima ao antigo lixão. Além de lucrar com o descarte irregular de lixo, eles também usam o espaço para abandonar carcaças de carros roubados.

A devastação ambiental é imensa, com o lixão a céu aberto e em expansão em direção à Baía de Guanabara e ao Aeroporto Internacional do Rio. Conforme flagrantes exibidos pelo RJ1 nesta sexta-feira (24), caminhões deixam o local usando estradas de terra.

Próximo do local funcionou, por mais de 30 anos, o lixão de Gramacho, que chegou a receber quase 10 mil toneladas de lixo por dia. Ele foi fechado oficialmente em junho de 2012.

Na época do fechamento, foram anunciados projetos de melhorias e revitalização de todo o bairro Jardim Gramacho. Quase 8 anos depois, nada saiu do papel.

“Naquele momento [em que o lixão foi desativado] os órgãos ambientais não exigiram a implantação das estações de tratamento de chorume. O resultado disso é que a Baía de Guanabara recebe hoje um bilhão de litros de chorume por ano”, enfatizou o ambientalista Sérgio Castro.

Segundo a polícia, criminosos cobram uma taxa para que o lixo seja descartado em lixões clandestinos. O descarte é feito sem controle ambiental e sem tratamento e fiscalização.

“Nós não podemos nem dizer que são lixões clandestinos. Inclusive, são de conhecimento de autoridades públicas, da prefeitura de Duque de Caxias, dos órgãos ambientais do estado”, afirmou Castro.

Segundo os ambientalistas, todo o chorume produzido pelos lixões clandestinos da região vai parar na Praia de Tubiacanga, na Ilha do Governador – um impacto grande na saúde dos moradores e pescadores da região.

A praia fica em frente ao terreno do lixão e nos dias de sol recebe moradores com crianças, mesmo com a grande quantidade de lixo e esgoto na areia.

“É lamentável, porque a economia do Rio é uma economia do litoral, economia do mar. E estamos vendo que as praias são impróprias e a baía recebe algo em torno de 90 toneladas de lixo flutuante por dia. É muito chocante. Precisa de fiscalização do poder público. Há omissão histórica do poder público naquela região”, enfatizou o ambientalista Sérgio Castro.

O que dizem os envolvidos

  • Polícia Civil – para a produção do RJ1, a Polícia Civil informou que a delegacia de Duque de Caxias concluiu um inquérito sobre a atuação de traficantes no local e que ele foi encaminhado ao Ministério Público. Mais tarde, a assessoria informou ao G1 que a delegacia de Duque de Caxias está com a investigação em andamento sobre a atuação de traficantes no local.
  • Prefeitura – a Prefeitura de Duque de Caxias disse que a responsabilidade de fiscalizar o despejo de lixo é do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Alegou, ainda, que a atuação de criminosos na região dificulta os trabalhos de fiscalização dos órgãos do município. Apesar disso, disse que vem revitalizando a área com o asfaltamento de algumas ruas no entorno.
  • Inea – O Inea informou que problemas de ocupação do solo e a gestão de resíduos são de responsabilidade da prefeitura de Duque de Caxias. Segundo o instituto, são realizadas operações frequentes para reprimir e interditar lixões clandestinos que ficam às margens da Baía de Guanabara.

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