A eleição para a reitoria e as diretorias-gerais do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) virou palco de uma crise inédita após a cassação da candidatura da professora Alessandra Paulon, única mulher na disputa e líder do primeiro turno. A decisão foi tomada na noite de segunda-feira (09) pela comissão eleitoral central, depois de recursos apresentados pelo professor Fernando de Moraes Oliveira, terceiro colocado, que ficou fora do segundo turno.
O estopim para o conflito foi uma postagem do prefeito de Paracambi, Andrezinho Ceciliano (PT), declarando apoio à candidata. A publicação, feita em rede social pessoal, foi apontada pela denúncia como fator de favorecimento indevido. Alessandra contesta a acusação e afirma que não solicitou, não autorizou nem compartilhou o conteúdo. Ela ressalta que candidatos não podem ser responsabilizados por manifestações espontâneas feitas por terceiros em seus próprios perfis.
Professora de História, com mais de 25 anos de magistério, pró-reitora de Ensino e concorrendo pela Chapa 10, Alessandra terminou o primeiro turno em primeiro lugar, com 36% dos votos válidos de professores, técnicos e estudantes. O pleito, referente ao quadriênio 2026–2030, foi realizado de forma online nos dias 1º e 2 de dezembro, com quatro chapas concorrentes.
A cassação provocou forte reação na comunidade acadêmica e foi classificada pelo atual reitor, Rafael Almada, como “uma manobra antidemocrática”. Ele afirma que a decisão tenta reintroduzir no processo um candidato rejeitado pelas urnas e acrescenta que a disputa ganhou contornos de misoginia.
“Única candidata no pleito, Alessandra foi atacada durante todo o processo pelo fato de ser mulher. A votação foi transparente, todas as etapas foram divulgadas oficialmente. Essa cassação abre uma crise institucional sem precedentes no IFRJ”, disse Almada.
Curiosamente, no campus Paracambi — base eleitoral do prefeito que fez a postagem — Alessandra teve menos votos que o denunciante. Para a candidata, o caso foi usado de forma artificial para alterar o resultado e deslegitimar a escolha da comunidade.
Alessandra já prepara uma ação judicial para tentar reverter a decisão da comissão eleitoral, que, segundo ela, apresenta vícios de forma, admissibilidade e materialidade, o que pode levar à nulidade do ato.


