Prefeitura do Rio decide não renovar contratos com creches comunitárias ligadas à vereadora Gigi Castilho

A Prefeitura do Rio de Janeiro comunicou oficialmente que não irá renovar, para o ano de 2026, os termos de colaboração com as creches comunitárias ligadas à vereadora Gigi Castilho, do Republicanos. A decisão foi publicada no Diário Oficial em ato da Subsecretaria de Gestão da Secretaria Municipal de Educação.

Atualmente, seis unidades da Creche Comunitária Deus é Fiel e quatro unidades da Creche Escola Machado mantêm contratos com o município. Firmadas desde 2019, essas parcerias atendem mais de dois mil alunos da rede municipal. As instituições foram fundadas pela vereadora e pelo marido, Luciano Castilho, que deixaram a direção em 2020.

Um levantamento feito pelo gabinete do vereador Pedro Duarte (NOVO) apontou que as duas redes receberam R$ 72,4 milhões da Prefeitura desde o início dos convênios. As unidades já vinham sendo alvo de questionamentos após reportagem do RJ2, exibida em junho, que revelou que as creches teriam destinado R$ 1,7 milhão, entre 2022 e 2023, a empresas pertencentes a parentes ou pessoas próximas da vereadora e do marido.

Segundo a reportagem, parte dos pagamentos foi feita a padarias, hortifrutis e confecções registradas em locais sem atividade comercial — indícios de empresas fantasmas. Os valores constariam como despesas das creches conveniadas.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar suspeitas de desvio de recursos públicos e possíveis fraudes nos contratos. No início deste mês, a Delegacia de Defraudações cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços ligados às supostas empresas e na residência da vereadora.

Entre as empresas investigadas está uma padaria registrada em nome da filha de Gigi Castilho, Andreza dos Santos Adão. O endereço, localizado em uma vila residencial na Zona Oeste, é apontado por moradores como um local onde nunca funcionou qualquer estabelecimento comercial.

O Tribunal de Contas do Município também analisa supostas irregularidades nos convênios. As apurações iniciais sugerem que empresas de fachada teriam sido utilizadas para emitir notas fiscais superfaturadas e justificar contratos destinados ao desvio de verba pública.

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