Uma megaoperação mobilizando cerca de 2,5 mil policiais civis e militares foi deflagrada na manhã desta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ação, batizada de Operação Contenção, tem como objetivo cumprir mandados e prender cerca de 100 criminosos ligados à facção Comando Vermelho (CV).
De acordo com o Governo do Estado, as investigações, conduzidas ao longo do último ano pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), apontaram que lideranças do CV do Rio e de outros estados — incluindo criminosos do Pará, Bahia e Espírito Santo — estariam escondidas nas 26 comunidades que compõem os complexos.
Confrontos e feridos
Até a última atualização, o balanço parcial da operação apontava quatro suspeitos mortos, 25 presos — cinco deles baleados e internados sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas —, além de um policial e três moradores feridos.
Um homem em situação de rua foi atingido nas costas por uma bala perdida e segue internado. Uma mulher que estava em uma academia em Olaria foi ferida de raspão e já recebeu alta. Um terceiro morador, que estava em um ferro-velho, também foi baleado e passa bem. O policial, ferido de raspão, foi atendido no Hospital da Polícia Militar, sem gravidade.
Durante os confrontos, traficantes reagiram com tiros e barricadas incendiadas, lançaram bombas com drones e tentaram impedir o avanço das forças de segurança. Imagens mostraram colunas de fumaça visíveis de vários pontos da cidade.
Estrutura da operação
A operação utiliza dois helicópteros, 32 blindados terrestres, 12 veículos de demolição, drones e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate. Participam agentes da Polícia Civil (de todas as delegacias especializadas e distritais) e da Polícia Militar, incluindo unidades do Comando de Operações Especiais (COE), do Bope e de batalhões da capital e da Região Metropolitana.
Entre os presos está Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, um dos principais chefes do CV.
O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, afirmou que a ação é “necessária e planejada”, destacando que não contou com apoio federal.
“Toda essa logística é do próprio estado. São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro. Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada, com inteligência, e que vai continuar”, declarou.
Impactos à população
A troca de tiros e o clima de insegurança afetaram o funcionamento de serviços públicos essenciais.
- 41 escolas municipais e 1 estadual foram fechadas.
- 5 unidades de Atenção Primária suspenderam o atendimento.
- 12 linhas de ônibus tiveram seus trajetos desviados para proteger passageiros e rodoviários.
Entre as linhas afetadas estão:
Na Penha: 312, 313, 621, 622, 623, 625, 628, 679 e 721.
No Alemão: 292, 311 e 711.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, algumas unidades avaliam retomar o atendimento ainda hoje, dependendo da evolução da operação.
Contexto e continuidade
A Operação Contenção é uma iniciativa permanente do Governo do Estado para conter o avanço territorial do Comando Vermelho em comunidades fluminenses. Estima-se que 280 mil pessoas vivam nas áreas afetadas pela ação desta terça-feira.
De acordo com o governo, as operações devem continuar nos próximos dias com base em informações de inteligência e investigações em andamento.
