A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói investiga um músico de aproximadamente 40 anos por suspeita de assédio e importunação sexual contra fiéis de uma igreja evangélica da Zona Sul do município. Entre as vítimas há relatos de menores de idade. O caso, que também chegou ao Ministério Público do Rio de Janeiro, tramita sob sigilo.
Os primeiros relatos surgiram em grupos e publicações nas redes sociais, com prints de conversas em que o suspeito trocava mensagens com mulheres da congregação. Nas conversas, ele fazia investidas e convites para encontros fora das atividades religiosas. Algumas vítimas afirmaram ter se sentido pressionadas e constrangidas pelas abordagens.
O homem, que atuava como professor e coordenador do ministério de música, teria usado a posição de liderança para se aproximar de jovens e adolescentes. Com a repercussão das denúncias, ele foi afastado das funções e desligado da igreja em maio.
Além das ocorrências em Niterói, há indícios de comportamentos semelhantes quando o músico viveu no Distrito Federal e participou de outras congregações da mesma denominação. Mulheres afirmam ter sofrido investidas em ambientes reservados, como salas de ensaio.
Há ainda relatos de que o suspeito tenha frequentado igrejas em Magé, na Baixada Fluminense, e até em Barcelona, na Espanha. Contudo, até o momento, não há registros formais de inquéritos nesses locais.
Sigilo e medo entre as vítimas
De acordo com fontes próximas às denunciantes, muitas mulheres têm receio de se expor ou de sofrer retaliações no meio religioso. Algumas tentaram buscar ajuda junto à liderança da igreja, mas não receberam acolhimento imediato.
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que casos de abuso em ambientes religiosos costumam ser silenciados pela relação de poder e confiança existente entre fiéis e líderes.
A Deam informou que as investigações seguem em curso e que novas testemunhas e provas digitais serão reunidas nas próximas semanas. Caso as suspeitas sejam confirmadas, o músico poderá responder por crimes de importunação sexual e assédio, com agravantes em caso de envolvimento com menores de idade.
As autoridades reforçam que possíveis vítimas podem procurar a Deam de Niterói para prestar depoimento sob sigilo, com garantia de proteção e acompanhamento psicológico.


