Air France e Airbus serão julgadas em apelação na França por acidente do voo Rio-Paris

A Air France e a fabricante europeia de aeronaves Airbus começam a ser julgadas em apelação nesta segunda-feira (29), em Paris, pelo acidente do voo AF447, que caiu no oceano Atlântico em 1º de junho de 2009, matando 228 pessoas.

O processo deve se estender por dois meses e terminar em 27 de novembro. Caso sejam condenadas, cada empresa pode receber multa de até 225 mil euros (cerca de R$ 1,4 milhão).

Relembre o acidente

O Airbus A330 fazia a rota Rio de Janeiro–Paris quando desapareceu poucas horas após a decolagem. A bordo estavam passageiros de 33 nacionalidades, incluindo 58 brasileiros, além da tripulação formada por 11 franceses e um brasileiro.

Nos dias seguintes, corpos de vítimas e destroços da aeronave foram encontrados próximos ao arquipélago de Fernando de Noronha. A fuselagem, porém, só foi localizada dois anos depois, a quase 4 mil metros de profundidade.

As investigações mostraram que o congelamento das sondas Pitot — sensores que medem a velocidade — provocou falhas nos sistemas, desorientando os pilotos, que não conseguiram recuperar o controle do avião. A queda durou menos de cinco minutos.

Histórico do processo

Em abril de 2023, o tribunal correcional de Paris absolveu a Airbus e a Air France da acusação de homicídio culposo, apesar de reconhecer responsabilidades civis das duas empresas. A decisão foi questionada pela Procuradoria-Geral, que recorreu para levar o caso a segunda instância.

Das 489 partes civis que participaram do primeiro julgamento, 281 aderiram ao recurso. “Alguns desistiram para tentar seguir em frente, mas outros continuam lutando com unhas e dentes”, declarou o advogado Alain Jakubowicz, que representa familiares de vítimas.

Acusações contra as empresas

  • Air France é acusada de não fornecer treinamento adequado aos pilotos sobre situações de congelamento das sondas Pitot e de não ter informado suficientemente as tripulações. A companhia nega as acusações.
  • Airbus responde por supostamente subestimar a gravidade dos problemas das sondas anemométricas e por não alertar com urgência as companhias aéreas que utilizavam o equipamento. A fabricante também nega responsabilidade.

O primeiro mês do julgamento será dedicado à escuta de testemunhas e peritos. Representantes da Airbus e da Air France devem ser interrogados a partir de 27 de outubro.

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