Domine suas emoções

Na história de Moisés, há um episódio que sempre me chama a atenção: quando o povo de Israel reclamava de sede no deserto, Deus ordenou que Moisés falasse à rocha para que dela brotasse água (Nm 20,1-13). Mas, tomado pela irritação, Moisés bateu na rocha duas vezes. A água saiu, mas o gesto lhe custou caro: ele não entrou na Terra Prometida. 

À primeira vista, podemos achar que foi um “detalhe pequeno”, mas para Deus não foi. Moisés era o líder, o modelo. Ao agir com ira e não exatamente como o Senhor mandou, perdeu uma bênção. Esse fato bíblico nos alerta: a santidade não está apenas em grandes gestos, mas no domínio diário das nossas emoções. 

No mundo de hoje, com os ritmos acelerados da vida e as pressões de tantas realidades duras, é fácil se deixar levar pela raiva. São as cobranças, a correria, as frustrações e as incompreensões que, pouco a pouco, vão alimentando uma impaciência dentro de nós. No entanto, mesmo diante disso, somos convidados a viver a mansidão. Jesus nos lembra: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra” (Mt 5,5). 

E aqui é importante compreender: mansidão não é passividade. Mansidão é a confiança de que Deus está cuidando de tudo. É crer que Ele não deixa de dar aos seus aquilo que promete. Mas também é reconhecer que podemos perder muito se, como Moisés, formos desobedientes e nos deixarmos levar pela ira que rouba nossa paz. 

A ira não é culpa do outro; a ira é culpa nossa, porque somos nós que permitimos que ela cresça dentro do nosso coração. Quando reagimos sem filtrar pelo amor de Cristo, deixamos que o pecado governe nossas atitudes. E isso custa caro: destrói relações, fecha portas e nos afasta da paz que o Senhor quer nos dar. 

Dominar as emoções não significa viver sem sentir, mas aprender a transformar cada sentimento em ocasião de confiar mais em Deus. Paciência, mansidão e serenidade são frutos do Espírito Santo (Gl 5,22-23). E esses frutos florescem quando, antes de reagir, nos perguntamos: “Senhor, o que Tu queres que eu faça agora?”. 

Se Moisés tivesse apenas falado à rocha, teria mostrado ao povo que a obediência vale mais que a força bruta. Da mesma forma, quando respondemos com mansidão, damos testemunho vivo de que Deus reina sobre nós. Afinal, a santidade não é ausência de emoções, mas liberdade interior para não ser escravo delas. E quem confia que Deus está cuidando de tudo não perde a paz — e mantém abertas as mãos para receber todas as bênçãos que Ele já preparou. 

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