PF desarticula quadrilha que fraudava o INSS há mais de 10 anos e causou prejuízo de R$ 30 milhões

A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (17), a Operação Fraus, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes milionárias contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Somente nos últimos seis meses, os prejuízos causados pelo grupo ultrapassaram R$ 1,6 milhão, mas o rombo total aos cofres públicos pode ultrapassar R$ 30 milhões.

De acordo com a PF, a quadrilha atuava há mais de uma década e tinha como principal alvo os Benefícios de Prestação Continuada (BPC) — pagos a idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência de baixa renda. A fraude consistia na manipulação e falsificação de requerimentos, que concediam benefícios assistenciais a pessoas que não tinham direito a eles.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro (3), Armação dos Búzios (2), Cabo Frio, São Gonçalo e Casimiro de Abreu. As ordens judiciais foram expedidas pela 8ª Vara Federal Criminal do Rio.

Esquema sofisticado com participação de servidores e gerentes bancários

As investigações revelaram uma organização criminosa bem estruturada, que contava com a participação de servidores públicos, gerentes bancários, profissionais gráficos e correspondentes bancários. O grupo utilizava acessos indevidos a plataformas restritas e à conta “Meu INSS” para cadastrar, sacar, manter ou reativar benefícios fraudulentos.

O esquema funcionava em larga escala. Diversos requerimentos de BPC eram feitos por dia, com uso de dados de terceiros obtidos de forma irregular. Um dos principais articuladores da fraude era conhecido dentro do grupo como o “Professor” ou “Rei do Benefício”, responsável por ensinar os comparsas a executar os golpes com precisão.

Segundo a PF, os gerentes bancários cobravam em média R$ 500 por cada conta aberta para movimentar os recursos indevidos. Os benefícios obtidos ilegalmente eram vendidos por até R$ 2,5 mil, embora alguns permanecessem sob o controle direto da quadrilha. Em muitos casos, o volume de benefícios gerados era tão grande que o grupo não conseguia abrir contas suficientes, levando à suspensão automática de parte dos pagamentos.

Crimes investigados

Os investigados poderão responder por estelionato previdenciário, corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A Polícia Federal segue analisando o material apreendido para aprofundar o mapeamento da rede criminosa, que se utilizava de conhecimento técnico e influência em instituições públicas e financeiras para fraudar o sistema assistencial brasileiro.

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