MST invade sede do Itaú e pede aumento de impostos, ignorando o peso aos mais pobres

Na manhã desta quinta-feira (3), integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram o edifício Faria Lima 3500, sede administrativa do banco Itaú, em São Paulo. A ação surpreendeu os funcionários e gerou forte repercussão nas redes sociais.

Segundo o MST, o objetivo do protesto é pressionar o Congresso Nacional a aprovar medidas de taxação sobre grandes fortunas e lucros bancários. “O Itaú comprou esse prédio por R$ 1,5 bilhão. Mesmo assim, seus donos pagam menos imposto do que o povo que mal consegue pagar aluguel”, diz trecho de nota divulgada pelo movimento. O coordenador nacional do MST, Felipe Vono, afirmou que a ocupação continuará enquanto não houver avanços no debate legislativo sobre justiça tributária.

Contudo, a narrativa utilizada pelos militantes foi alvo de críticas de especialistas e membros do Ministério Público Federal. Um dos principais pontos de contestação está no tipo de imposto que mais pesa no bolso da população.

O procurador da República Hélio Trelho, por exemplo, criticou o foco do protesto e classificou como “mentirosa” a ideia de que impostos como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) atingem apenas os ricos. Em uma publicação na rede X (antigo Twitter), Trelho destacou que o IOF penaliza especialmente os mais pobres e a classe média, pois incide sobre operações financeiras como empréstimos consignados, compras no crediário, cheque especial, financiamentos e o rotativo do cartão de crédito.

“O IOF não é um imposto progressivo: ele é cobrado proporcionalmente ao valor da operação financeira, sem considerar a renda do contribuinte. Assim, quem mais depende de crédito — geralmente pessoas de menor renda e classe média — acaba pagando proporcionalmente mais IOF em relação à própria renda”, escreveu o procurador.

A ação do MST gerou críticas não apenas pela ocupação de um prédio privado, mas também pelo teor do protesto. A Avenida Faria Lima, onde está localizada a sede do Itaú, precisou ser parcialmente bloqueada, causando transtornos no trânsito da capital paulista. A Polícia Militar acompanhou a movimentação sem confronto, enquanto equipes de segurança do banco acionaram advogados para solicitar a reintegração de posse.

Clima político acirrado

A manifestação ocorre em um momento de acirramento político e debates sobre a reforma tributária no Congresso Nacional. Setores da sociedade civil cobram mudanças que aliviem a carga sobre os mais pobres e aumentem a contribuição de grandes corporações. No entanto, o episódio desta quinta-feira reacende discussões sobre os métodos utilizados por movimentos sociais e os limites entre o protesto legítimo e a invasão de propriedades privadas.

O Itaú, por meio de nota, lamentou a invasão e disse que atua dentro da legalidade, cumprindo rigorosamente suas obrigações fiscais. O banco também reforçou seu papel em programas sociais e iniciativas de sustentabilidade por meio do Instituto Itaú.

Até o fechamento desta reportagem, os manifestantes permaneciam dentro do prédio. A Justiça já foi acionada, e a expectativa é que a desocupação ocorra ainda nas próximas horas.

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