Deputados se revoltam e pedem saída de Washington Reis em sessão tensa na Alerj

Clima esquentou no plenário: discussão quase vira briga, denúncias sobre empresas de ônibus e cobranças ao governador marcaram o dia

Rio de Janeiro – A temperatura política subiu no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), nesta quarta-feira (18), em uma sessão que transformou o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), no principal alvo de críticas e pedidos públicos de exoneração. O episódio, recheado de tensões, acusações e até quase confronto físico, deixou claro que a permanência do ex-prefeito de Duque de Caxias no cargo está por um fio.

A sessão mal havia começado quando o deputado estadual Rosenverg Reis (MDB), irmão do secretário, protagonizou um embate inflamado com o psolista Professor Josemar. A discussão ficou tão acalorada que por pouco não terminou em agressão física. Foi o prenúncio de um dia de fúria no parlamento.

A principal crítica partiu de aliados do próprio governo, como o deputado Alexandre Knoploch (PL), que classificou como “insubordinação” o anúncio da redução das tarifas dos trens e metrô feito por Washington Reis sem o aval do governador Cláudio Castro. “Não há mais condição, seja por questões de atmosfera ou de hierarquia, de o secretário continuar. O que ele está fazendo é um desfavor ao Executivo”, disparou Knoploch, sugerindo que o próprio secretário deveria pedir para sair.

A artilharia verbal continuou com o líder do PL, Filippe Poubel. Em tom duro, o parlamentar afirmou que Reis se comporta como se fosse independente do chefe do Executivo. “Manda quem pode e obedece quem tem juízo. O secretário é funcionário do governador e deve seguir as regras”, disse.

Acusações e CPI

Poubel foi além e levantou suspeitas graves sobre o comportamento da secretaria, especialmente no que diz respeito à fiscalização do transporte intermunicipal. “Por que o Detro se omite? Por que as empresas de ônibus continuam sendo privilegiadas? Será que está rolando propina?”, questionou o vice-presidente da CPI da Transparência, defendendo a convocação imediata de Washington Reis para prestar esclarecimentos.

O delegado Carlos Augusto (PL) também engrossou o coro dos descontentes. “Como alguém promete algo que não tem autonomia para entregar? Isso coloca o governador em uma saia justíssima”, criticou.

Aliados de Castro cobram alinhamento

Até o líder do governo na Alerj, Rodrigo Amorim (União), entrou na linha de fogo. Sem poupar palavras, cobrou definição de lados e fez críticas indiretas à ambiguidade política de Reis. “É preciso saber quem está com um pé em cada canoa, mamando na máquina do Estado e na da prefeitura. Precisamos riscar o chão”, declarou.

Apesar do bombardeio, Amorim garantiu que o governador Cláudio Castro e o governador em exercício Rodrigo Bacellar “não estão dormindo” e que a decisão sobre o futuro de Washington Reis será tomada “no momento oportuno”.

Nos bastidores, a leitura é que a situação do secretário ficou insustentável. O desgaste com a base aliada e os questionamentos públicos colocam pressão direta sobre o Palácio Guanabara. Para muitos deputados, a permanência de Reis virou um problema político de grandes proporções — e a crise na pasta dos Transportes, um risco para a imagem do governo.

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