A corrida pelo Palácio Guanabara em 2026 já começou a provocar fissuras no campo da direita fluminense. O ex-presidente Jair Bolsonaro intensificou sua atuação na sucessão estadual ao declarar apoio à pré-candidatura de Rodrigo Bacellar (União Brasil), atual secretário estadual da Casa Civil, mas com ressalvas que expõem a fragilidade dessa aliança.
Durante uma videochamada realizada na sexta-feira, 23, Bolsonaro condicionou seu apoio à integridade de Bacellar. Ele afirmou que poderá retirar o suporte caso surjam “fatos desabonadores” sobre o aliado. Além disso, exigiu indicar pessoalmente o nome do candidato a vice-governador na chapa — uma tentativa de manter influência direta sobre a candidatura e preservar sua base política.
A escolha de Bacellar, apadrinhado pelo atual governador Cláudio Castro, provocou reações imediatas e dividiu a direita fluminense. Um dos principais aliados de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, criticou publicamente a possível candidatura. Segundo ele, Bacellar não terá seu apoio caso dispute o governo contra Eduardo Paes (PSD), hoje prefeito do Rio. Malafaia defende o nome do ex-prefeito de Caxias e ex-ministro Washington Reis (MDB), atualmente inelegível.
A instabilidade jurídica de Reis não impediu que Bolsonaro também sinalizasse apoio ao seu nome, caso consiga reverter a inelegibilidade até 2026. A duplicidade de apoios indica a falta de consenso dentro do campo bolsonarista e a tentativa do ex-presidente de manter todas as opções em aberto.
O impasse já provocou um novo racha no PL do Rio. Embora figuras de peso como o senador Flávio Bolsonaro e o governador Cláudio Castro estejam ao lado de Bacellar, parte da bancada estadual resiste ao nome. Deputados federais próximos ao ex-presidente afirmam que não participarão da campanha de Bacellar, mesmo que ele se torne oficialmente o candidato da direita.
A disputa revela um cenário eleitoral fragmentado, com interesses cruzados e desconfianças dentro do próprio campo conservador. A pouco mais de um ano das eleições, o apoio de Jair Bolsonaro, antes visto como trunfo eleitoral, agora se transforma em um ponto de tensão entre os pré-candidatos que disputam o comando do segundo maior estado do país.