Conclave começa no Vaticano com cerimônia solene e expectativa mundial pelo novo Papa

Capela Sistina é isolada, e cardeais iniciam processo de escolha do sucessor de Francisco. Fumaça será o único sinal visível até o anúncio do novo Pontífice.

Cidade do Vaticano — As imponentes portas da Capela Sistina foram oficialmente fechadas, marcando o início de um dos rituais mais solenes e enigmáticos da Igreja Católica: o conclave. A partir deste momento, 133 cardeais eleitores, vindos de diversas partes do mundo — incluindo sete brasileiros — permanecerão em absoluto isolamento até que um novo Papa seja escolhido para suceder Francisco.

A cerimônia foi precedida pela tradicional “Missa Pro Eligendo Pontifice”, celebrada na Basílica de São Pedro e presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. Realizada às 10h no horário local (5h em Brasília), a missa deu o tom solene ao que está por vir: dias de oração, reflexão e escrutínios secretos.

A primeira rodada de votação teve início às 16h30 (11h30 em Brasília). O mundo volta agora seus olhos para a chaminé da Capela Sistina. A primeira fumaça — muito provavelmente preta, já que raramente há consenso na primeira rodada — está prevista para sair às 19h locais (14h em Brasília). A fumaça preta indica que nenhum candidato atingiu o quórum de dois terços (neste caso, 88 votos). Já a branca significa que um novo Papa foi eleito.

Rotina do conclave e possíveis desfechos

A partir do segundo dia, o processo ganha ritmo: são quatro votações diárias, duas pela manhã e duas à tarde. Cada turno pode gerar uma única fumaça, prevista para os horários de 5h30 ou 7h, e 12h30 ou 14h (horários de Brasília).

Caso um Papa seja escolhido logo no início de qualquer uma das sessões, a fumaça branca poderá aparecer fora desses horários, indicando um consenso precoce. Por outro lado, se não houver definição após três dias, a votação é suspensa por um dia de oração, reforçando o caráter espiritual da decisão.

O ritual da escolha

O processo é carregado de simbolismo e rigor. Por sorteio, nove cardeais assumem funções específicas: três como escrutinadores, três como infirmarii (que coletam votos de cardeais doentes) e três como revisores da contagem. As cédulas trazem a inscrição “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como Sumo Pontífice”) e devem ser preenchidas com caligrafia irreconhecível. Votar em si mesmo é, em tese, proibido.

Cada cardeal pronuncia um juramento em latim ao depositar seu voto. Após a contagem e a verificação rigorosa dos votos, as cédulas são queimadas num fogareiro especial, com aditivos químicos que garantem a cor exata da fumaça: preta (naftalina) ou branca (lactose).

‘Habemus Papam’: o momento mais aguardado

Se um dos cardeais alcançar os votos necessários, o decano do Colégio Cardinalício lhe fará duas perguntas cruciais: se aceita a eleição e qual nome deseja adotar como Papa. Após a resposta afirmativa, ele se torna oficialmente o novo líder da Igreja Católica.

Em seguida, os demais cardeais lhe prestam reverência. Após cerca de uma hora, o cardeal protodiácono surge na varanda da Basílica de São Pedro e pronuncia a célebre frase: “Habemus Papam”. O novo Papa então aparece para dar sua primeira bênção “urbi et orbi” — à cidade e ao mundo.

Enquanto a fumaça ainda é a única forma de comunicação entre o conclave e o mundo exterior, milhões de fiéis aguardam com fé e expectativa o nome do próximo líder espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos. O Vaticano, mais uma vez, vive um momento histórico.

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