Em meio a denúncias e reclamações crescentes sobre a precariedade no atendimento da saúde pública, a Prefeitura de Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, abriu uma licitação de até R$ 232 mil para a confecção de placas de bronze para inaugurações e de aço para homenagens oficiais. O anúncio da medida causou revolta entre moradores que enfrentam diariamente a realidade oposta nas unidades de saúde do município.
Segundo o edital, o contrato prevê o fornecimento de até 150 placas ao longo de um ano, com tamanhos que variam entre 20cm x 15cm e 40cm x 60cm. Os valores unitários vão de R$ 247 a R$ 2.200. A justificativa oficial não foi divulgada, mas a decisão gerou indignação entre a população, especialmente entre os que mais dependem dos serviços públicos.


“Não tem dipirona no posto. Minha mãe precisou de medicação para pressão alta e tivemos que comprar tudo. A gente só vê gasto com placa, mas na hora do atendimento, falta tudo”, desabafa uma moradora do bairro Porto da Roça, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Outro morador, da região do Boqueirão, também criticou o gasto com homenagens e placas comemorativas. “Eles preferem gastar com vaidade do que com o básico. Parece piada, mas é a nossa realidade. O povo tá morrendo por falta de atendimento e eles preocupados com cerimônia”, declarou.
Nos últimos meses, diversas queixas sobre falta de medicamentos essenciais, filas para consultas e ausência de profissionais têm sido compartilhadas nas redes sociais e em grupos comunitários. Moradores relatam que, muitas vezes, precisam recorrer a farmácias particulares ou buscar atendimento em cidades vizinhas.
A indignação cresce diante do contraste entre o investimento em símbolos de autopromoção e a necessidade urgente de melhorias nos serviços básicos. “Essa placa vai resolver o quê? Vai curar alguém? É um desrespeito com quem depende do SUS”, afirmou uma funcionária de uma unidade de saúde local, também sob condição de anonimato.
O caso chama atenção não apenas pelo valor da licitação, mas pelo contexto em que se insere: uma cidade turística, com potencial econômico, mas onde os serviços públicos essenciais seguem em crise. O sentimento de abandono e descaso é cada vez mais evidente entre os moradores de Saquarema