A Baixada Fluminense e suas belezas naturais: uma história de resistência, riquezas e renascimento ambiental

Hoje, em meio a celebrações culturais e aplausos de ambientalistas, a Baixada Fluminense ganhou um novo símbolo de preservação: foi inaugurado o Parque Natural Municipal Barão de Mauá, em Magé, às margens da Baía de Guanabara. A data não poderia ser mais simbólica. No mesmo 30 de abril em que se comemora o Dia da Baixada Fluminense — criado em homenagem à inauguração da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Mauá — a região celebra também a recuperação de um dos seus mais importantes ecossistemas: o manguezal de Magé.

O parque, instalado onde anos atrás a poluição parecia ter condenado a vida marinha, é o resultado de um esforço coletivo que começou após um grave derramamento de óleo proveniente de dutos da Petrobras, ocorrido há mais de uma década. Após anos de degradação ambiental, o manguezal foi totalmente revitalizado por meio de projetos de reflorestamento, contenção de resíduos e educação ambiental, coordenados por instituições públicas e ONGs locais. Agora, o novo parque surge como um refúgio verde de 75 hectares que abriga caranguejos, aves migratórias e diversas espécies da flora nativa da Baía de Guanabara.

Uma região histórica que pulsa natureza

A Baixada Fluminense, região que abraça 13 municípios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, é muitas vezes lembrada por seus desafios sociais e urbanos. Mas ela é também um verdadeiro santuário de belezas naturais, rica história e resistência cultural.

Foi em Magé, precisamente em 30 de abril de 1854, que o Barão de Mauá inaugurou a primeira ferrovia do Brasil, ligando o porto de Mauá à localidade de Fragoso, impulsionando o desenvolvimento econômico e industrial da região. Hoje, o legado do trem ecoa não apenas na malha ferroviária ainda em uso, mas no próprio nome do parque recém-inaugurado: Barão de Mauá.

Cidades que guardam memórias e riquezas naturais

  • Nova Iguaçu, a cidade mais populosa da Baixada, é conhecida pelo Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, que abriga o Vulcão de Nova Iguaçu — uma das formações geológicas mais fascinantes do estado — além de trilhas e nascentes da Mata Atlântica.
  • Duque de Caxias carrega um dos maiores PIBs industriais do país e abriga também o Parque Natural Municipal da Taquara, além do Museu Ciência e Vida, um espaço dedicado à educação científica e à cultura.
  • Nilópolis abriga o Parque Municipal do Gericinó, um dos principais redutos verdes da região, com trilhas, atividades físicas e áreas de lazer para todas as idades.
  • Guapimirim é um tesouro ecológico encravado entre a serra e o mar, com grande parte de sua área dentro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Suas cachoeiras, como a do Escorrega e a da Concórdia, são um convite à contemplação e ao turismo sustentável.
  • Seropédica, além de rural e universitária, sedia a UFRRJ e guarda paisagens de campos e rios preservados.
  • Itaguaí, às margens da Baía de Sepetiba, combina patrimônio histórico e praias pouco exploradas, como Coroa Grande e Itacuruçá.
  • Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti, Queimados, Japeri, Paracambi e Nilópolis completam o mosaico da Baixada, cada uma com sua cultura única, tradições populares e espaços de lazer, como feiras de artesanato, centros culturais e áreas verdes urbanas em expansão.

O novo parque: um marco de reconstrução ambiental

A recuperação do manguezal de Magé é considerada uma das mais bem-sucedidas da Baía de Guanabara nas últimas décadas. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o local havia sido severamente afetado pelo derramamento de óleo que contaminou solo, água e fauna local. Em parceria com universidades, pescadores artesanais e comunidades tradicionais, a recuperação incluiu o plantio de milhares de mudas de mangue-vermelho e ações contínuas de monitoramento.

O Parque Natural Municipal Barão de Mauá contará com trilhas ecológicas, centro de educação ambiental, observatório de aves e um píer para canoagem sustentável. Durante a cerimônia de inauguração, a moradora e ambientalista Rosa Maria Fernandes, de 62 anos, emocionou-se: “Vinte anos atrás eu via carcaça de peixe boiando aqui. Hoje vejo vida. Isso é vitória da natureza e do povo da Baixada.”

Uma Baixada que resiste, cresce e floresce

A Baixada Fluminense é terra de samba, de festas populares, de juventude vibrante e também de desafios persistentes. Mas ela é, sobretudo, um território de beleza, história e transformação. Iniciativas como o novo parque em Magé mostram que, com investimento, participação popular e compromisso com o futuro, é possível reverter os danos ambientais e construir um legado positivo para as próximas gerações.

Neste 30 de abril, ao relembrar os trilhos do passado e olhar para o verde que ressurge, a Baixada mostra que é muito mais do que o noticiário costuma mostrar: é um berço de histórias, de gente forte e de uma natureza que resiste — e renasce.

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