
Nesta quarta-feira, 15 de novembro, as forças de segurança do Rio de Janeiro deram continuidade à Operação Torniquete, visando desarticular o núcleo financeiro do Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais poderosas do estado. O foco da ação foi a chamada “Caixinha do Comando Vermelho”, um esquema de lavagem de dinheiro que financia diversas atividades ilícitas, como roubos, furtos e extorsões.
A operação resultou em um confronto armado em que três suspeitos foram mortos, e 11 pessoas foram presas. Apesar da tentativa de capturar 13 alvos, um 14º suspeito foi morto em uma disputa territorial antes da operação. Ao todo, foram cumpridos 8 mandados de prisão e 3 detidos em flagrante, com cinco indivíduos ainda foragidos.
Durante a ação, os traficantes tentaram dificultar o acesso das forças policiais, levantando barricadas e espalhando óleo nas ruas, o que levou a situações perigosas, como o momento em que um Caveirão — veículo blindado da polícia — derrapou em uma ladeira no Alemão, quase atropelando um morador e atingindo veículos estacionados. Em outra área do complexo, os policiais precisaram usar maçaricos e retroescavadeiras para abrir caminho, enfrentando até mesmo um trilho de trem improvisado como cancela.
Contudo, a operação não foi isenta de controvérsias. Moradores relataram que as forças de segurança invadiram residências e realizaram buscas em celulares sem a devida autorização judicial, levantando preocupações sobre possíveis abusos de poder.
Entre os presos, destacam-se nomes como André Mota de Souza e Givanilda Gomes da Silva, além de outros que compõem o núcleo financeiro da facção. O principal alvo da operação é Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, que possui um extenso histórico criminal, incluindo assassinatos e tentativas de sequestro.
As investigações, realizadas com tecnologia avançada, revelaram um esquema sofisticado que movimentou cerca de R$ 21 milhões em operações financeiras ilícitas, com 5 mil transações detectadas. Os mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, abrangendo não apenas a capital, mas também outros estados como Bahia e Paraíba.
A operação teve impactos significativos na rotina da região, com importantes vias sendo fechadas e serviços de saúde suspensos por questões de segurança. O Rio Ônibus também anunciou desvios em várias linhas de transporte público, refletindo a tensão e a instabilidade provocadas pelas ações das autoridades.
Enquanto a Secretaria de Segurança investiga possíveis vazamentos sobre a operação, o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, se mostrou otimista, afirmando que, apesar das dificuldades, a operação foi bem-sucedida em cumprir a metade dos mandados de prisão. A luta contra o crime organizado continua, e a sociedade aguarda por resultados que possam trazer mais segurança e justiça.