A comunidade de musicoterapia no Brasil está em luto pela perda de uma de suas mais ilustres figuras, Doris Hoyer de Carvalho, que faleceu recentemente. Doris foi uma das pioneiras na introdução e desenvolvimento da musicoterapia no país, contribuindo significativamente para a formação de futuros musicoterapeutas e para a consolidação da prática terapêutica através da música.
Doris começou sua jornada na musicoterapia na década de 1960, inspirada pelas Jornadas Latino-americanas de Musicoterapia realizadas em Buenos Aires em 1968. Foi nesse contexto que ela, juntamente com outros profissionais brasileiros, sentiu a necessidade de promover a musicoterapia no Brasil. Em 1971, ela foi uma das fundadoras da Associação de Musicoterapia do Paraná, uma das primeiras associações do gênero no país.
Ao longo de sua carreira, Doris dedicou-se à formação de educadores musicais e musicoterapeutas, promovendo cursos e workshops que ajudaram a disseminar os benefícios terapêuticos da música. Sua abordagem humanista e sua dedicação à melhoria da qualidade de vida de seus pacientes foram fundamentais para o crescimento da musicoterapia no Brasil.
Doris também foi uma figura central na criação do curso de especialização em musicoterapia no Conservatório Brasileiro de Música (CBM), onde trabalhou ao lado de outras pioneiras como Cecília Conde e Gabrielle Souza e Silva. Esse curso, que mais tarde se tornou um programa de pós-graduação, foi um marco na história da musicoterapia no país.
Além de sua contribuição à musicoterapia, Doris foi também uma das fundadoras da Comunidade Bom Pastor, uma iniciativa que começou em 1975 na casa dos fundadores, João e Doris, com mais quatro jovens. A comunidade se tornou uma célula viva do Corpo de Cristo, recebendo o selo da Igreja em 2010. Dom Roberto Lopes, OSB, Vigário Episcopal para a vida religiosa, instituto secular e comunidades novas, presidiu uma celebração eucarística para agradecer a aprovação do estatuto da comunidade, onde Doris foi homenageada.
Doris também foi uma das pioneiras do Movimento Carismático na Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, que buscava renovar a espiritualidade e a vivência da fé. Ela sempre valorizou o diálogo entre cristãos de diferentes igrejas, promovendo a união e a cooperação entre comunidades. Sua visão ecumênica ajudou a construir pontes e fortalecer o respeito mútuo entre diferentes tradições cristãs.
Além disso, Doris incentivou fortemente a formação de músicos na Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, não apenas através de ensinamentos e orientações, mas também compondo diversas músicas que enriqueceram o repertório litúrgico e devocional da Igreja. Sua paixão pela música e pela fé foi uma inspiração para muitos e deixou um legado duradouro na comunidade musical católica.
O sepultamento de Doris ocorreu na tarde de hoje, no cemitério Memorial do Carmo, com a presença de centenas de pessoas, entre elas diversos sacerdotes católicos, pastores evangélicos e autoridades civis, como o vereador eleito Diego Faro. A missa de sétimo dia acontecerá na próxima segunda-feira às 20h na Paróquia Nossa Senhora de Copacabana.
A influência de Doris Hoyer de Carvalho na musicoterapia e na Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil é imensurável. Sua visão e dedicação abriram caminhos para muitos profissionais que hoje continuam a promover a saúde, o bem-estar e a espiritualidade através da música. A comunidade de musicoterapia no Brasil lamenta profundamente sua perda, mas também celebra sua vida e suas contribuições duradouras.
