Após 22 horas de intenso julgamento, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) obteve uma vitória significativa na busca por justiça no caso Marielle Franco e Anderson Gomes. Na quinta-feira, 31 de outubro, o IV Tribunal do Júri da Capital condenou Ronnie Lessa a 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, e Élcio de Queiroz a 59 anos, 8 meses e 10 dias, pelos assassinatos da vereadora Marielle e do motorista Anderson, ocorridos em 14 de março de 2018. Além das penas, os réus também foram condenados a pagar R$ 706 mil em indenização aos familiares das vítimas.
O julgamento, que se estendeu por dois dias, foi marcado por momentos de emoção e expectativa. A juíza Lúcia Glioche, ao proferir a sentença, ressaltou a gravidade do crime, afirmando que “homicídio é um crime traumatizante” e expressou sua solidariedade às famílias das vítimas. Sua declaração de que a sentença se dirigia não apenas aos réus, mas a todos os “Élcios” e “Ronnie’s” que existem no Rio de Janeiro, ecoou pela sala do tribunal, onde os familiares se emocionaram após a leitura da decisão.
Eduardo Morais, coordenador da Força-Tarefa do MPRJ, celebrou o momento como um marco histórico, destacando a importância da condenação integral. O procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, que esteve presente no julgamento, reforçou que o caso é uma prioridade para a Procuradoria-Geral e elogiou o empenho da equipe envolvida.
Durante a acusação, o promotor Mário Lavareda pediu aos jurados que dessem uma resposta à sociedade, enfatizando que a condenação era uma forma de afirmar que tais atos de violência não são aceitáveis. O julgamento contou com uma apresentação detalhada do caso, incluindo um kit com 207 páginas do processo e imagens do local do crime, além da oitiva de testemunhas fundamentais, como a mãe de Marielle e a viúva de Anderson.
Os réus, que participaram do julgamento por videoconferência devido à sua prisão em unidades federais, foram detidos na operação Lume, realizada em março de 2019. O robusto processo que culminou na condenação de Lessa e Queiroz abrangeu um total de 13.680 folhas, 68 volumes e 58 anexos, refletindo a complexidade e a seriedade da investigação.
Este desfecho não apenas marca um passo importante na busca por justiça para Marielle e Anderson, mas também sinaliza um compromisso renovado do sistema judiciário em lidar com crimes de alta gravidade no Brasil. A comunidade espera que essa decisão contribua para um ambiente mais seguro e justo, onde a impunidade não prevaleça.