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Reportagem Especial: “Gerações e Mobilidade no Rio de Janeiro: Um Problema que Persiste”

No primeiro episódio da nova série exibida pelo RJ2, intitulada Gerações, a emissora expõe questões que atravessam décadas nas quatro cidades mais populosas do estado: Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu. O destaque inicial recai sobre a mobilidade urbana no Rio de Janeiro, abordando a dificuldade enfrentada diariamente pelos moradores da Zona Oeste, com um enfoque na família Vianna, de Campo Grande.

A história dessa família, composta por quatro gerações de mulheres, reflete um cenário de dificuldades enfrentadas no transporte público, que, apesar de avanços pontuais, continuam sendo uma realidade penosa para milhares de cariocas. A matriarca, Dona Conceição, que já trabalhou como garçonete no famoso Canecão, relembra suas dificuldades após longas noites de trabalho, enquanto sua bisneta, Giulia, estudante e estagiária de educação física, relata que passa mais tempo nos ônibus do que na faculdade.

Giulia, em sua jornada tripla, relata a exaustiva experiência de passar cerca de 6 a 7 horas diárias no transporte público, utilizando quatro conduções para chegar ao seu destino. A jovem reflete sobre o impacto desse desafio, que, além de desgastante, afeta seu desempenho acadêmico. “É um fator desanimador”, confessa, ao narrar a dificuldade de manter-se motivada diante de tantas horas perdidas no trânsito.

A dificuldade enfrentada pela família Vianna não é única. Um estudo recente do aplicativo de mobilidade urbana Moovit revela que o Rio de Janeiro é a quarta pior metrópole do mundo em termos de tempo gasto no transporte público. Segundo o estudo, os passageiros cariocas chegam a esperar em média 42 minutos pelos ônibus, que, frequentemente, já estão lotados ao chegar ao ponto. O tempo médio de deslocamento na cidade é de uma hora e sete minutos por trecho, totalizando mais de cinco anos de vida dentro dos ônibus ao longo de uma vida adulta.

Apesar de promessas e campanhas eleitorais, a realidade da mobilidade urbana no Rio de Janeiro segue praticamente inalterada. Para Giulia e sua família, essa é uma batalha enfrentada há gerações. Sua mãe, Vanessa, que trabalha há 25 anos no Hospital Miguel Couto, recorda os mesmos problemas de superlotação e filas intermináveis que sua mãe, Dona Sônia, já enfrentava décadas atrás. E, antes dela, Dona Conceição vivenciou dificuldades semelhantes em suas longas jornadas para o trabalho.

De acordo com Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, o transporte público no Rio de Janeiro depende de investimentos e planejamento estratégico. “Falta integração intermunicipal”, diz Quintella, ressaltando que a Região Metropolitana, composta por 22 municípios, deveria estar mais conectada para garantir a eficácia do transporte.

Essa falta de planejamento e investimento torna-se ainda mais frustrante em anos eleitorais, como destaca Quintella: “O eleitor precisa lembrar de suas dificuldades, principalmente na área de transporte, e cobrar soluções ao longo do mandato de seus representantes eleitos.”

Assim, Gerações apresenta não apenas um retrato da dificuldade diária enfrentada pelas famílias cariocas, mas também um lembrete da importância do voto consciente nas eleições municipais que se aproximam. O transporte público, crucial para a vida de milhões de pessoas, segue como um dos maiores desafios de uma cidade em que as gerações se sucedem, mas os problemas permanecem.


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