Nuvem de Fumaça das Queimadas Cobre Grande Parte do Brasil e Afeta Qualidade do Ar

Nesta segunda-feira (9), grande parte do Brasil amanheceu sob uma densa nuvem de fumaça provocada pelas queimadas. Imagens captadas pelo satélite GOES-16 da NASA, em colaboração com o Instituto Cooperativo de Pesquisa na Atmosfera (Cira) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), mostram a extensão desse fenômeno, que está diretamente associado ao aumento de problemas respiratórios.

A fumaça, que atinge diversos estados brasileiros, é resultado das queimadas que têm se intensificado nos últimos meses. Em São Paulo, por exemplo, o céu está encoberto por um manto de fumaça, bloqueando a visão do céu azul e criando a impressão de um ambiente abafado, agravado pelas altas temperaturas e baixa umidade do ar. Não há previsão de chuvas significativas para amenizar o problema, e em algumas regiões do interior, os termômetros podem chegar aos 40°C.

Impacto na Saúde

Especialistas alertam para os graves impactos que a exposição prolongada à fumaça pode causar à saúde. A presença de partículas finas no ar aumenta o risco de complicações respiratórias, especialmente para crianças, idosos e pessoas com condições pré-existentes, como asma ou bronquite. De acordo com a IQAir, empresa suíça especializada em monitoramento da qualidade do ar, muitas regiões do Brasil estão apresentando níveis de poluição insalubres, o que significa que a inalação prolongada pode ser prejudicial à saúde.

No Acre (Rio Branco) e em Rondônia (Porto Velho), a situação é especialmente crítica. Outras cidades como São Paulo, Ribeirão Preto e Curitiba também registram níveis de poluição classificados como “insalubres”. As cores no mapa da qualidade do ar da IQAir variam entre vermelho (insalubre) e roxo (muito prejudicial), refletindo a severidade do problema.

Previsão do Tempo e Esperança de Chuva

Segundo a Climatempo, a dispersão dessa nuvem de fumaça só será possível com a chegada das chuvas, que, infelizmente, ainda não estão previstas para a maior parte do país. Algumas áreas do Sul, extremo sul de São Paulo e a fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai podem receber precipitações entre os dias 12 e 15 de setembro, mas estas chuvas serão insuficientes para solucionar o problema em nível nacional.

Recorde de Focos de Incêndio

A situação atual é reflexo de um cenário preocupante em termos de queimadas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que, de janeiro até o último sábado (7), foram registrados 156 mil focos de incêndio em todo o Brasil, o maior número desde 2010, quando foram detectados 163 mil. Este aumento nas queimadas está causando danos irreversíveis a áreas de conservação ambiental, como o recente incêndio que destruiu 10 mil hectares do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Embora as causas de alguns incêndios ainda estejam sendo investigadas, muitos são atribuídos a práticas humanas, como desmatamento e queimadas ilegais, o que agrava ainda mais a crise ambiental no país. Além disso, países vizinhos, como a Bolívia, também enfrentam problemas relacionados a incêndios florestais, intensificando os efeitos da poluição atmosférica.

Conclusão

O Brasil enfrenta um dos seus piores períodos de queimadas em mais de uma década, com consequências diretas para a saúde pública e o meio ambiente. A nuvem de fumaça que encobre o país destaca a urgência de medidas eficazes de combate ao desmatamento e controle de incêndios, além de políticas para reduzir os impactos na qualidade do ar e na saúde da população.

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