A Economia na Encruzilhada da Política: O Mapa da Economia Brasileira e o Futuro Político

Por Leonardo Barreto

No último fim de semana, o jornal Estadão reuniu economistas de renome para discutir o crescimento do PIB brasileiro, que surpreendeu ao superar as expectativas. Entre os entrevistados estavam Alessandra Ribeiro (Tendências), Mario Mesquita (Itaú), Solange Srour (Santander), Caio Megale (XP), Ana Paula Vescovi (Santander) e Armando Castelar (FGV), com contribuições também de Paulo Gala (Banco Master) no site da CNN. A análise dessas opiniões oferece uma visão abrangente dos desafios e oportunidades que o Brasil enfrenta no cenário econômico atual.

Forças Estruturais e Conjunturais

A combinação de reformas liberalizantes implementadas pelos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, como a reforma da Previdência, a reforma Trabalhista e a abertura de setores regulados para o investimento privado, tem sido apontada como uma das principais forças estruturais por trás do aquecimento da economia. Essas reformas teriam elevado o crescimento do PIB potencial para cerca de 1,5% a 2%.

Além disso, a recuperação econômica pós-pandemia, o aumento do consumo das famílias, o bom desempenho do setor agropecuário em 2023 e o choque expansionista de gastos do governo são considerados pontos fortes. O governo tem impulsionado a economia através de programas sociais, aumento real do salário-mínimo e outras medidas que aquecem o mercado de trabalho e a demanda.

Fragilidades no Cenário Econômico

No entanto, há fragilidades significativas. O aumento dos gastos públicos sem um correspondente crescimento da produtividade e da taxa de investimentos é uma preocupação central. Embora a formação bruta de capital fixo tenha crescido 5,7% em comparação anual, o investimento ainda está abaixo de 17%, e a falta de uma estratégia clara para estabilização da dívida pública prejudica a confiança dos agentes econômicos.

Ameaças e Incertezas

A incerteza política é uma ameaça de destaque. Tensions entre facções políticas e os poderes, bem como mudanças abruptas nas regras econômicas e intervenções em agências regulatórias, têm gerado um ambiente de negócios imprevisível. A pressão inflacionária e a necessidade de aumentar as taxas de juros são vistas como quase inevitáveis se o governo não adotar medidas eficazes para conter os gastos.

Oportunidades para o Futuro

Entre as oportunidades, a simplificação tributária e a possibilidade de uma redução no ritmo de crescimento das despesas públicas são destacadas como caminhos promissores. A reforma tributária, se concluída, e ajustes na estrutura de gastos obrigatórios poderiam garantir uma trajetória econômica mais sólida e impulsionar o crescimento nos próximos anos.

O Caminho a Seguir

O mercado parece otimista quanto à combinação de reformas liberalizantes e políticas de conforto social, desde que as contas públicas sejam sustentáveis. No entanto, existe o risco de que o governo priorize objetivos políticos de curto prazo, em vez de focar na sustentabilidade econômica a longo prazo. A desconfiança quanto à capacidade do governo de aprender com experiências passadas e a preocupação com uma trajetória insustentável de gastos são fatores que podem impactar negativamente o futuro econômico.

Neste momento, o Brasil se encontra na encruzilhada entre dois possíveis destinos: uma trajetória de crescimento sustentado ou uma crise econômica precipitada por decisões políticas inadequadas. A decisão sobre o caminho a seguir terá implicações profundas para a economia e para o bem-estar da população brasileira.

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